No livro do "Gênesis" capítulo 2, versículo 9 está escrito:
"Então o Senhor Deus fez nascer do solo todo tipo de árvores agradáveis
aos olhos e boas para alimento. E no meio do jardim estavam a árvore da
vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal."
No post anterior foi abordado como o Homem fora expulso do Paraíso após ter comido do fruto da Árvore do Conhecimento. Devido à desobediência ao que lhes fora imposto, Adão e Eva deixaram o jardim do Éden para sempre.
Gên. 16 - 17: "E o Senhor Deus ordenou ao homem: Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá."
Segundo o mito, através do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, o primeiro homem e a primeira mulher foram condenados e banidos do jardim de Deus - toda história é envolvida por este feito. Mas, no livro da criação não há maiores detalhes sobre a "Árvore da Vida", como ela era e qual o seu real papel no mito.
De acordo com o Gênesis, o único fruto que não podia ser consumido era o da Árvore do Conhecimento, todos os outros eram permitidos, e é sabido que a árvore da vida também tinha fruto:
Gên. 3,22-24: "Eis que agora o ser humano tornou-se como um de
nós, conhecendo o bem e o mal. Não devemos permitir que ele também
estenda a sua mão e tome do fruto da árvore da vida e comendo-o possa
viver para sempre!"
Assim, conclui-se que a árvore da vida era também a árvore da eternidade e, embora não houvesse nenhuma proibição quanto ao seu consumo, ele não foi provado.
A ÁRVORE DA VIDA
Na continuação do versículo acima está escrito que, após expulsar o Homem do Paraíso, Deus colocou, ao oriente do Jardim do Éden, querubins armados por espadas flamejantes que guardariam o caminho da árvore da vida. Portanto, nem mesmo se quisesse voltar, o Homem seria capaz de tomar o novo fruto proibido e descobrir a fórmula da imortalidade.
Desde que o ser humano começou a compreender a sua existência, a morte foi um grande mistério. Talvez, para aqueles que criaram o mito, descobrir este segredo era tão impossível quanto cruzar novamente os portões do jardim divino e enfrentar querubins armados.
De toda forma, o Homem nunca desistiu de encontrar outra fórmula para a vida eterna. Há séculos atrás, na Idade Média, grandes mestres da alquimia tinham como principal busca a famosa "Pedra Filosofal", o elixir da longa vida.
Muitos viveram na frustrada procura pela famosa "Fonte da Juventude" que, segundo a lenda, possuía águas capazes de fazer rejuvenescer, curar as doenças e revigorar qualquer um que as tomasse ou se banhasse nelas. Há narrativas de que até mesmo Alexandre (o Grande) chegou a procurar por tal fonte.
Mas os mitos sobre imortalidade, árvores divinas e frutos miraculosos não são exclusivos do povo hebreu e do meio oriente. Na mitologia nórdica há uma fascinante história envolvendo alguns destes itens, porém, ao invés de uma só árvore, é um pomar guardado não por um Deus mas por uma bela Deusa. Ironicamente, nesta história, é a maçã o fruto da vida.
A imortalidade dos memoráveis Odin, Thor e Loki depende de Idunna (Iðunn), uma bela deusa que faz brotar em seu pomar, maçãs douradas e, através de seu encanto, as transformam em frutos mágicos. Os deuses se alimentam destas maçãs diariamente, e este é o segredo do vigor dos Aesir.
Uma lenda viking conta que, certa ocasião, Idunna foi raptada por uma enorme águia a mando do gigante Thiazi. Com a senhora das maçãs em poder dos malvados gigantes, os deuses não tinham como manter seus poderes e logo começaram a ficar debilitados e a envelhecer. Foi preciso a intervenção de Loki, o astuto , que também estava envolvido em tal rapto, para que Idunna fosse resgatada e os outros deuses pudessem recobrar a juventude e a vitalidade.
Este é um mito um tanto interessante, pois entra em contradição com muitos conceitos judaico-cristãos. O primeiro deles é que a mulher, neste caso, não é a que leva à perdição, mas a que traz a vida. O segundo se trata do fruto em questão, a maçã, que há séculos foi considerado e apedrejado como ícone da perdição e do pecado e, nesta lenda, é glorioso e exaltado como alimento primordial dos deuses.
É certo que a maçã nem sempre fora relacionada ao fruto proibido; não há um só texto bíblico que a cite, posto que a macieira é uma árvore de clima temperado e frio e não havia como adaptar-se facilmente no árido deserto asiático. Este vínculo ocorreu na Idade Média, com o advento do catolicismo patriarcal. A Igreja, durante séculos alinhou ao pecado quase tudo que tivesse conexão com o feminino - a própria mulher era ligada ao demônio, por isso que tantas eram denominadas bruxas e foram vítimas das piores torturas na Inquisição. Muitas acabaram sendo queimadas por heresias e supostos pactos com o diabo (enquanto muitos homens saiam ilesos, apenas como vítimas da maldade do sexo oposto).
Em muitas comunidades pagãs da Europa, a maçã era símbolo da mulher e da feminilidade. Talvez os povos antigos puderam observar a semelhança que existia entre a vulva e a maçã (quando a fruta é cortada ao meio) e a relacionaram ao órgão genital feminino. Consequentemente aos encantos da mulher.
Como tudo que estava ligado à sexualidade foi posteriormente rejeitado pela Igreja (ao contrário dos pagãos que não viam delito no sexo), a venerada maçã se tornou símbolo do pecado, Acreditava-se que a mulher era causadora do mal da humanidade e não o homem, pois fora Eva que tentou Adão e não o contrário.
Os mitos se opõem e se encontram em suas mensagens: de um lado está Eva (a mãe da humanidade) e do outro Idunna (a deusa que alimenta os Aesir), mas ambas capazes de mudar o destino de personagens lendários.
O Deus judaico-cristão mudou seus planos por um simples ato de Eva, e os nórdicos deixariam de existir se não fossem as maçãs que passavam pelo toque mágico de Idunna.
Ambas mulheres, ambas que tinham nas mãos a vida de homens e deuses. Maldito ou bendito fruto?
Desde que o ser humano começou a compreender a sua existência, a morte foi um grande mistério. Talvez, para aqueles que criaram o mito, descobrir este segredo era tão impossível quanto cruzar novamente os portões do jardim divino e enfrentar querubins armados.
De toda forma, o Homem nunca desistiu de encontrar outra fórmula para a vida eterna. Há séculos atrás, na Idade Média, grandes mestres da alquimia tinham como principal busca a famosa "Pedra Filosofal", o elixir da longa vida.
Muitos viveram na frustrada procura pela famosa "Fonte da Juventude" que, segundo a lenda, possuía águas capazes de fazer rejuvenescer, curar as doenças e revigorar qualquer um que as tomasse ou se banhasse nelas. Há narrativas de que até mesmo Alexandre (o Grande) chegou a procurar por tal fonte.
Mas os mitos sobre imortalidade, árvores divinas e frutos miraculosos não são exclusivos do povo hebreu e do meio oriente. Na mitologia nórdica há uma fascinante história envolvendo alguns destes itens, porém, ao invés de uma só árvore, é um pomar guardado não por um Deus mas por uma bela Deusa. Ironicamente, nesta história, é a maçã o fruto da vida.
As Maçãs de Idunna
Na mitologia nórdica, toda a vitalidade, força e poder dos deuses (Aesir) só é possível porque existe uma forte presença feminina por trás disto. Ao contrário de outras mitologias, os deuses nórdicos não são eternos e imortais somente porque são deuses, mas por meio de um ato muito humano - o de comer.A imortalidade dos memoráveis Odin, Thor e Loki depende de Idunna (Iðunn), uma bela deusa que faz brotar em seu pomar, maçãs douradas e, através de seu encanto, as transformam em frutos mágicos. Os deuses se alimentam destas maçãs diariamente, e este é o segredo do vigor dos Aesir.
Uma lenda viking conta que, certa ocasião, Idunna foi raptada por uma enorme águia a mando do gigante Thiazi. Com a senhora das maçãs em poder dos malvados gigantes, os deuses não tinham como manter seus poderes e logo começaram a ficar debilitados e a envelhecer. Foi preciso a intervenção de Loki, o astuto , que também estava envolvido em tal rapto, para que Idunna fosse resgatada e os outros deuses pudessem recobrar a juventude e a vitalidade.
Este é um mito um tanto interessante, pois entra em contradição com muitos conceitos judaico-cristãos. O primeiro deles é que a mulher, neste caso, não é a que leva à perdição, mas a que traz a vida. O segundo se trata do fruto em questão, a maçã, que há séculos foi considerado e apedrejado como ícone da perdição e do pecado e, nesta lenda, é glorioso e exaltado como alimento primordial dos deuses.
É certo que a maçã nem sempre fora relacionada ao fruto proibido; não há um só texto bíblico que a cite, posto que a macieira é uma árvore de clima temperado e frio e não havia como adaptar-se facilmente no árido deserto asiático. Este vínculo ocorreu na Idade Média, com o advento do catolicismo patriarcal. A Igreja, durante séculos alinhou ao pecado quase tudo que tivesse conexão com o feminino - a própria mulher era ligada ao demônio, por isso que tantas eram denominadas bruxas e foram vítimas das piores torturas na Inquisição. Muitas acabaram sendo queimadas por heresias e supostos pactos com o diabo (enquanto muitos homens saiam ilesos, apenas como vítimas da maldade do sexo oposto).
Em muitas comunidades pagãs da Europa, a maçã era símbolo da mulher e da feminilidade. Talvez os povos antigos puderam observar a semelhança que existia entre a vulva e a maçã (quando a fruta é cortada ao meio) e a relacionaram ao órgão genital feminino. Consequentemente aos encantos da mulher.
Como tudo que estava ligado à sexualidade foi posteriormente rejeitado pela Igreja (ao contrário dos pagãos que não viam delito no sexo), a venerada maçã se tornou símbolo do pecado, Acreditava-se que a mulher era causadora do mal da humanidade e não o homem, pois fora Eva que tentou Adão e não o contrário.
Os mitos se opõem e se encontram em suas mensagens: de um lado está Eva (a mãe da humanidade) e do outro Idunna (a deusa que alimenta os Aesir), mas ambas capazes de mudar o destino de personagens lendários.
O Deus judaico-cristão mudou seus planos por um simples ato de Eva, e os nórdicos deixariam de existir se não fossem as maçãs que passavam pelo toque mágico de Idunna.
Ambas mulheres, ambas que tinham nas mãos a vida de homens e deuses. Maldito ou bendito fruto?
Muito bom!
ResponderExcluirMuito legal. Por favor, não pare de postar.
ResponderExcluirInspirador...Salve!
ResponderExcluirLinkei seu blog no meu. Vale da Lua
ResponderExcluirO meu antigo (Vale do Sol e Lua), foi rakeado minha conta e tive que deletar ando colocando em ordem as postagens do antigo blogue. Faz alguns anos que a sigo.
Um abraço
Se não houver problema linkei o seu blog na minha lista e novamente acompanhar a suas histórias. http://novaledalua.blogspot.com.br/
Um abraço