Iroko - A Árvore Orixá |
Ao contrário do que dizem, Iroko não é o Orixá do Tempo mas sim está relacionado à uma árvore sagrada africana cujos cultos são diversificados de acordo com as comunidades africanas e suas origens. A relação que existe entre Iroko e o "tempo" é devido a um Orixá da nação Bantu (das regiões de Angola, Congo e Moçambique) denominado Kitembo que foi posteriormente associado a Iroko da nação Iorubá (das regiões da Nigéria, Benin e Togo). Porém, não se trata da mesma deidade, já que o Candomblé de Angola possui muitas diferenças do Candomblé de Ketu.
Milicia excelsa - Iroko Africano |
É um tipo de árvore bastante alta, que pode chegar aos 50 metros e que, quando cortada, derrama um latex branco que alguns acreditam ter propriedades curativas, sendo bastante utilizado na medicina popular de algumas regiões da África. Além disso, o povo Iorubá utiliza a madeira de Iroko na confecção de esculturas sagradas que só podem ser esculpidas por artesãos religiosos autorizados à esta prática, pois quaisquer pessoas que não são iniciadas na prática e não conhecem o segredo da árvore sagradas pode acabar atraindo a ira do Orixá..
De acordo com o Babá Zarcel, sacerdote do candomblé e estudioso dos mitos tradicionais Iorubás, em algumas tradições, Iroko não é considerado um Orixá mas sim uma árvore que serve como ponto de culto e local de oferenda à alguns orixás, principalmente à Oluerê, um orixá caçador (Odé) relacionado à Oxóssi, muitas vezes tido como uma das qualidade de Oxóssi, ligado aos espíritos antigos e também às Iamí Oxorongá (* leia no post "Oxóssi, o dono das matas).
Ou seja, há muita complexidade nos mitos africanos, porém, a relação entre as matas, seus seres místicos, as árvores, as florestas, os animais e os caçadores estão quase sempre interligados.
Festa de Iroko de Carybé |
A GAMELEIRA-BRANCA
Gameleira com "Ojá" - Pano Branco |
Da mesma forma, também as plantas receberam sincretismo. O milho, por exemplo, não é um vegetal original da África, porém é bastante utilizado como comida de santo - como, e em que momento, o milho ingressou nos cultos do Candomblé, é um mistério. Há a possibilidade dele ter sido adentrado aqui no Brasil ou até mesmo ter vindo da África após ele sido levado pelos colonizadores.
Com a árvore de Iroko, que na África é Milicia excelsa, ocorreu o mesmo. Aqui no Brasil, Iroko foi sincretizado e começou a ser cultuado na Gameleira Branca (Ficus doliaria).
Festa de Candomblé - Carybé |
Nenhum comentário:
Postar um comentário