segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Deusa Branca

Há tempos gostaria de postar a respeito daquela que é, sem dúvidas, a minha grande musa.
Dentre tantos livros que li, "A Deusa Branca", de Robert Graves, é um dos mais fabulosos que pude apreciar, tanto que se tornou o meu livro de cabeceira. A obra é muito mais do que uma joia literária, mas um grande compêndio quando se trata de estudos teológicos, mitológicos e antropológicos.
Conheci "A Deusa Branca" há alguns anos, quando buscava saber mais a respeito de uma mulher que me aparecera em sonho.
Ela tinha a pele alva, cabelos prateados, vestida uma espécie de túnica branca translucida e seus pés não tocavam o chão. Estava suspensa no ar como uma fada.
Ao acordar tive a certeza de que havia sonhado com uma deusa a qual denominei por conta própria de "Deusa Branca". Mas quem era a Deusa Branca eu não sabia.
Fui então buscar pela mulher que me aparecera. Devia haver, em alguma mitologia, alguma deusa denominada, simplesmente, "Deusa Branca".
Bem, era algo mais surpreendente do que eu supunha.
 

Quem é a Deusa Branca?

Bem, a principio podemos dizer que a Deusa é a grande Musa... Em inglês a palavra "muse" pode designar tanto "Musa" ( mulher que inspira o poeta), como a própria "inspiração". Ou seja, ela é a pessoa ( o ser ) e o sentir ( sentimento ).
"A Deusa Branca", de Robert Graves, é o relato dos mitos poético mas, além disto, desbrava a história das deidades, já que foram as primeiras e principais fontes inspiradoras para a poesia.
É sabido que a lua, desde os primórdios da humanidade, foi vista como uma deusa. Robert Graves diz: "Escrevo sobre ela como a Deusa Branca porque o branco é sua cor principal, a cor do primeiro membro da trindade lunar... a lua nova é a Deusa Branca do nascimento e do crescimento;".
Fato é que os antigos, ao descobrirem a grande influência da lua nas marés, nas plantações, no ciclo menstrual, entre outros, a tomaram como uma das grandes responsáveis pela existência de todas as coisas. Ou seja, ela tinha um poder que estava acima do explicado, portanto, foi divinizada.
Graves continua: "... a lua cheia, a Deusa Vermelha do amor e das batalhas; a lua velha (minguante), a Deusa Negra da morte e da adivinhação.". 
Ou seja, a deusa não é simplesmente Branca, mas a Branca é a grande retentora e progenitora da vida.A Deusa Branca simboliza a divindade feminina em sua plenitude, uma única representatividade de uma deusa que tem milhares de nomes como dizem os neopagãos.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A Sarça Ardente - Acácia de Fogo



A Bíblia, assim como outros livros antigos, está repleto de mitologias e muitos desses mitos têm fortes ligações com as árvores e seus cultos. Uma das passagens mais notáveis desta escritura é quando Iahweh (Javé ou Jeová) se apresenta a Moisés através de uma acácia.
Muitos desconhecem o significado da palavra "sarça ardente", mas é de suma importância que seja explicado para que todo o contexto da história faça sentido assim como fazia para os povos do daquela região. Alguns cristãos sequer sabem o que é uma sarça, embora algumas imagens mostrem uma pequena árvore em chamas.
Sarça é um sinônimo botânico para plantas com espinhos e a espécie que está relacionada à passagem bíblica se trata de uma 'Acácia-brava' ou 'Acácia-sarça' (Boswellia sacra). No caso, uma acácia com espinhos, também conhecida como 'Shittah'.
Deus podia ter adquirido qualquer forma para se manifestar e muitos se perguntam quais os motivos dele se mostrar como uma "acácia em chamas" e não em outra forma qualquer.
Primeiramente, é necessário esclarecer que a acácia já era considerada uma espécie sagrada para muitos dos antigos povos do oriente médio. Hebreus e egípcios, entre outros, a tinham como uma árvore de grande veneração e sua madeira era utilizada na fabricação de objetos rituais e mesas para altares. Dizem, inclusive, que a arca da aliança também fora feita com madeira de acácia. Também, muitos dos sarcófagos dos antigos faraós eram fabricados com esta madeira. Tal uso se dava pelo fato dela não apodrecer. Isto fazia com que a tivessem como um símbolo de longevidade e imortalidade.
O Franquincenso, um dos itens oferecido pelos Reis Magos ao menino Jesus, é obtido através da seiva desta árvore que, quando queimada, exala um aroma perfumado muito utilizado nos ritos de purificação. Ele também é conhecido como Olíbano, palavra que vem do árabe e quer dizer "leite", em referência sua cor branca (leia no post Os Reis Magos - Ouro, Incenso e Mirra).
Bem, voltemos à escolha de Iahweh para manifestar-se através de uma 'acácia em chamas'. O mitólogo Robert Graves diz que o fato se explica já no primeiro mandamento dado a Moisés: "Sou o Senhor teu Deus e não terás outros deuses diante de mim". Em outra passagem ele conclui: "Pois sou um Deus ciumento".
De acordo com as palavras de Graves (A Deusa Branca), a acácia espinhosa é uma espécie autossuficiente, não necessita de muita água e sufoca com suas raízes qualquer árvore que cresça ao seu redor. Suas flores também têm o poder de cegar, as sementes de levar à morte, e a única parte da planta utilizada como antídoto é a raiz. Isto quer dizer que deve-se ter cautela quando se trata de uma árvore como esta.
O fato de Deus se apresentar a Moisés como uma acácia em chamas está ligado à própria natureza e simbologia da árvore. Temida por seus espinhos, sementes e flores (o Deus que deve ser sempre temido), solitária e que sufoca as demais (não terás outros deuses pois ele é um Deus ciumento) e autossuficiente (sou o que sou e tudo posso).
Quanto as chamas, elas estão ligadas ao sol. Desde a antiguidade o "Deus Sol" fora representado como a "divindade maior", portanto, o fato da acácia arder como sol a ponto de ofuscar a vista de Moisés, está relacionado ao poder do grande astro rei que sempre fora cultuado como um arquétipo masculino. Assim, pode-se compreender os motivos pelos quais, embora o Deus judaico-cristão não seja necessariamente sexuado, é simbolizado como uma figura paterna.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Vitex - A Árvore da Castidade



Seu nome científico 'Vitex agnus-castus' vem do latim e quer dizer "cordeiro-casto". É uma planta de origem mediterrânea e seu uso para fins terapêuticos é muito antigo. O chá das folhas e flores era indicado para mulheres com problemas ginecológicos e disfunções hormonais. Os antigos persas o utilizavam no tratamento de desordens psíquicas que eles acreditavam ser "loucuras". Hoje sabemos que muitas delas eram causadas exatamente pela disfunções dos hormônios no organismo.
Flores da Castidade
Na idade média, com a ascensão da Igreja Católica, a busca pela vida monástica foi se intensificando. Após o declínio do império romano que tanto perseguiu os cristãos e fez tantos mártires virarem santos, a procura pela santidade tornou-se um lema para boa parte dos religiosos.
A Igreja Católica medieval decretou obrigatório o celibato de padres e freiras, para defender seu patrimônio e evitar disputas entre os herdeiros dos clérigos. Ela então pregava que, além de celibatários (não se casarem), os religiosos tinham que procurar viver na castidade (não praticarem nenhum tipo de relação sexual) para atingirem altos níveis de santidade.
É claro que, para os religiosos, abster-se das relações sexuais era, de longe, o mais difícil dos votos a serem cumpridos. Então eles descobriram uma forma de evitar o "pecado".
O Vitex, famoso no tratamento de doenças femininas, também era conhecido por sua contraindicação em pacientes masculinos. Isto porque o chá que auxiliava nos distúrbios da mulher acarretava, com grande efeito, problemas de ereção no homem. Da mesma forma, diminuía a libido sexual masculina.
 
Hortus Conclusus
 Os monges estavam diante de algo que podia auxilia-los a viver a castidade tão desejada e não demorou para que os grandes mosteiros da Europa tivessem plantações de "vitex" em seus jardins e pomares.
O uso em algumas ordens religiosas tornou-se tão regular que alguns diziam que o chá diário da planta era mais que um sinal de devoção, mas uma obrigação para não cair na tentação da carne.












Ginkgo - A Árvore Pré-Histórica



Sim, ela é uma árvore pré-histórica, considerada por muitos como um fóssil vivo. A Ginkgo, ou Ginkgo biloba, há alguns anos vem se tornado popular devido ao seu uso na medicina homeopática e na fitoterápica, sendo utilizado o extrato das folhas no tratamento de doenças vasculares, transtornos psíquicos, tumores e principalmente no combate de radicais livres.
A Ginkgo despertou o interesse científico depois de ser observado que após o ataque aéreo da bomba atômica na cidade de Hiroshima, no Japão, a árvore voltou a brotar mesmo sob os fortes efeitos da radiação.
Inexplicavelmente, ela vem resistindo ao tempo. Ela resistiu à evolução por uma força desconhecida, mas certamente, porque para a espécie ela não foi necessária.
É de se inclinar diante de um ser que sobreviveu às inúmeras gerações sem que seu aspecto tenha se alterado. Houve a translação dos continentes; a formação de cadeias montanhosas; a vinda dos grandes répteis ( dinossauros); catástrofes climáticas e sísmicas; entre outras grandes transformações ocorridas no planeta. Isto, sem contar com as doenças, fungos e bactérias as quais ela resistiu sem se modificar. Especula-se que ela permaneça exatamente idêntica ao que foi há 200 milhões de anos atrás. Relutante, inalterada, imperturbável.
A adaptação desta espécie é tão surpreendente que ela brota sem grandes problemas em todos continentes. Mesmo antes da evolução das modernas coníferas, a Ginkgo crescia na Ásia, na Austrália, na América e na Europa.
Seu nome provém do chinês yin-kuo que quer dizer "frutos prateados" e a árvore, considerada sagrada pelos budistas, é comumente encontrada nas entradas dos templos. A sacracidade desta espécie não pode ser colocada em questão, afinal, se existe um ser botânico que testemunhou a "criação" e a transformação de muitas espécies (inclusive do ser humano) este ser é, certamente, a Ginkgo.







quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Lendário Salgueiro-Chorão

Salgueiro Dourado
Esta é verdadeiramente uma espécie repleta de lendas e trata de uma das árvores mais conhecidas do mundo.
O salgueiro-chorão (Salix babylonica) não tem origem na Europa e sim no Leste Asiático, contudo a espécie Salix Alba (salgueiro-branco) é européia.
É muito provável que estivesse entre as principais árvores que ornamentavam os lendários jardins da babilônia e, na Grécia, era consagrado às grandes deusas como Hera e Hécate. Normalmente dedicado às deusas noturnas ou lunares por sua forte ligação com o feminino.
Como já foi postado aqui no blog, supõe-se que a palavra "Witch" (bruxa) derive de "Willow" (salgueiro). A árvore, desde a idade média, é associada às bruxas que, por sua vez, estão intimamente ligadas ao feminino. É compreensível, portanto, que esteja conectada a ambos.
Particularmente, não gosto da expressão "chorão", pois parece dar à árvore uma fragilidade que não é real.  De todas as espécies "choronas" - afinal existem diversas com este aspecto -  somente o salgueiro leva "chorão" como codinome.
O salgueiro é uma árvore muito forte e flexível. Resiste muito bem ao fogo e sua madeira é uma das piores para a lenha, por este motivo nunca a utilizavam para este fim, entretanto é ótima quando se trata da confecção de trançados. É extremamente resistente à água, e seus galhos e troncos raramente apodrecem.
De um simples galho de salgueiro, sem grandes cuidados, uma nova árvore brota e seu crescimento é relativamente rápido. Ele é bastante tolerante às secas e chuvas em excesso. Na realidade, o excesso de água é muito benéfico ao salgueiro, por isso é uma das árvores prediletas para cultivo à beira de lagos e rios. Além de ornamentar as margens dos cursos d´água, seus ramos tendem a alcançar a água como se realmente pretendessem toca-la, o que muitos consideram inspirador  principalmente quando o vento sobra levantando seus longos ramos.
Entre os povos da antiguidades, os ramos dos salgueiros era particularmente usados para fazer cestas, as famosas "cesta-de-vime" recebem este nome por serem confeccionadas a partir dos galhos flexíveis do vimeiro, outro nome dado ao Salgueiro.
Muito além das cestas, nossos ancestrais da Europa e da Asia, sabiam muito bem como empregar o salgueiro como medicamento, eles já conheciam as propriedades medicinais da árvore, seu poder anti-inflamatório e analgésico, embora não pudessem comprovar cientificamente. No século XX, o a famosa "aspirina" chegou ao mercado e é hoje um dos mais eficazes e utilizados medicamentos no combate às mais diversas enfermidades. O ácido acetilsalicílico é resultado do principio ativo da casca da árvore, a salina, e seu nome deriva de "Salix", o nome latino do Salgueiro.
Há duas espécies muito semelhantes: Salix alba e a Salix babylonica, a diferença é que a primeira tem o tronco mais grosso e pode chegar aos 20 metros de altura, já a Salix babylonica, por sua vez, é mais estreita e chega, no máximo, aos 10 metros.
A espécie babylonica recebeu esta nomenclatura no século XVIII, pois achava-se que ela era originária da Pérsia devido ao Salmo 137 que diz: " Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos com saudade de Sião. Ali nos salgueiros penduramos as nossas harpas."
O chorão aparece em diversos contos e lendas, espalhados por diversas partes do mundo. Certamente, uma das mais lendárias das árvores.









domingo, 30 de outubro de 2011

Dia das Bruxas - Samhain e Halloween



No dia 31 de Outubro é comemorado o "Dia da Bruxas" e há festas de Halloween em várias partes do mundo, e aqui no Brasil vem se tornando cada vez mais popular.
Na realidade, esta data não era comemorada popularmente por aqui. A festa do Dia da Bruxas foi trazida por algumas escolas de inglês no intuito de propagar algo que já era comum nos EUA e em alguns países da Europa.
Ocorre que o "Dia das Bruxas" tem origem em um festival muito mais antigo do que se prevê e é um dos grandes sabás celebrados pelos povos pagãos do hemisfério norte que o denominaram Samhain (pronuncia-se Sou-in).
Samhaim é também o ano novo celta, pois 31 de Outubro marca o início de várias cerimônias e rituais que vão até o dia 02 de Novembro. Para os celtas, este era um tempo onde o véu que separa os mundos (mundos dos vivos e mundo dos mortos) era muito mais tênue e as fronteiras entre este mundo e o outro não existiam; podendo ser atravessado com mais facilidade por aqueles que tinham a permissão de faze-lo. Portanto, era um período não só de celebrações mas de ritos e magias cerimoniais diversas.


O festival marca também o início do inverno e, para aqueles que vivem abaixo da linha do equador, esta é uma data que tende a ser celebrada no dia 01 de Maio (ou 30 de Abril). Portanto, grande parte dos neopagãos do hemisfério sul comemoram não o Samhain, mas o "Beltane" (Festival das Fogueiras) que acontece no hemisfério norte no dia 01 de Maio. 
De uma forma ou de outra é um data de celebrações, mesmo que a comemoração do "Halloween" por aqui, não ocorra no verdadeiro "Dia das Bruxas".
Bruxa Anciã
A palavra Halloween provém de "All Hallows Eve", cuja tradução é "noite de todos os santos¨. Esta data foi adaptada pela Igreja Católica, que passou a chama-la de "Dia de Todos os Santos", comemorada no dia 01 de Novembro. Esta precede o dia 02 de Novembro (Finados), ou Dia das Almas (All Souls Day). Alguns pagãos a chamavam de "All Souls Night", ou seja, a noite de todas as almas. É o ultimo dia de celebração do Samhain.
Embora bastante modificada nas tradições populares dos países cristãos muito dos hábitos dos antigos pagãos permaneceram vivos. As máscaras e fantasias também têm origem em alguns ritos na cultura celta: eles acreditavam que ao se vestirem e se mascararem com trajes feitos de palhas, poderiam afugentar os maus espíritos que perambulavam nestes dias.
Bem, podemos então ter uma ideia de que é um tempo onde o misticismo está pairado no ar, afinal, bruxas, santos e mortos estão intimamente relacionado ao oculto.


Roda do Ano Celta











domingo, 23 de outubro de 2011

Os Magos - Quem são eles?

Há algum tempo desejava criar um post sobre este assunto que é tão complexo e que leva à tantas discussões.
Muitos se questionam e me questionam: o que é um mago? 
Antes de qualquer definição, gostaria de esclarecer que tudo que escrevo no blog é, antes de mais nada, estudos aos quais me dedico, consultando livros, especialistas, mestres, e alguns sites que me transmitem confiança e credibilidade.
Gostaria de dizer que o verdadeiro mago é aquele que vai em busca do conhecimento, deixando de lado meras superstições as quais muitos se limitam dentro da magia.
Alguns dizem que a magia é tudo o que não se pode explicar no âmbito científico e psicanalítico. Mas o verdadeiro mago acredita que a magia é perfeitamente explicável segundo a ciência e a psicologia e está interada em ambos os estudos sim, mas, que além deles, há forças ocultas que a todos influenciam. Ou seja, o mago acredita na ciência, na psicologia e na força que move o universo.
Os autores clássicos dizem que a palavra "Mago" deriva do grego "Mageia", que,por sua vez deriva do persa "Magi". Ambas significam, simplesmente, "possuidores da sabedoria". Sabedoria esta, que não é meramente nata, mas que se dá através da busca do conhecimento, dos estudos e da tentativa de desvendar o que está oculto.
Os magos da antiguidade eram homens de grande respeito, conhecedores da filosofia, das artes, da teologia, da antropologia, entre outras ciências.
Os antigos magos eram conhecidos pelas práticas da numerologia, astrologia, da alquimia e do herbalismo. Tais praticas foram tão importantes para a humanidade, que delas se originaram os estudos científicos da matemática, da astronomia, da química e da medicina. Pode-se dizer então dizer que um mago é aquele que utiliza todas as práticas antigas sem desprezar as novas.
Muitos perguntam se um mago é um religioso, e a resposta é "talvez". Certamente não há mago que não tenha estuda religião ou julgado ter a espiritualidade aflorada, mas isto não faz um mago ser igual ao outro na fé, nas crenças ou ideologias. Algo que é bem distinto de superstição, pois é a busca pela lógica que não limita o mago a uma posição simplesmente supersticiosa. 
A fé do mago é muito mais racional e através da razão ele busca explicações para as manifestações que outros simplesmente aceitariam como divinas.
Talvez os magos soubessem como desmistificar sem descredenciar. Portanto, eles não são simplesmente místicos, apenas mantêm ocultas coisas que não desejam revelar, ou não estão preparadas para serem evidenciadas. Mas esperam discernir melhor para saber quando, onde, e para quem devem revelar.
Eles podem ser também chamados de bruxos, sacerdotes, druidas e feiticeiros, mas, muito além disto, o mago é um grande conhecedor das várias formas religiosas, sem necessariamente se tornar um membro religioso de um culto específico. Mesmo quando o faz, o verdadeiro mago sabe que não há o limite da religião para a busca do conhecimento. 
Alguns me perguntam se sou um mago. A resposta é "Não" - não sou um mago e não estou envolvido com nenhuma religião, prática espiritual ou filosofia oculta, apenas as estudo com muito respeito e tenho grande interesse em compreender algumas delas.
O nome Vale do Mago foi dado porque esta página tem como objetivo abordar tópicos que normalmente estão relacionados a mitos e lendas antigas, plantas e árvores consideradas sagradas e uma pitada de histórias de magia.











quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Libélulas - As Fadas em Forma de Animais

Em um dos post tratei das origens das fadas na Grã-Bretanha e da relação delas com os antigos pictos que habitavam as terras do norte, na Escócia. Como este é um assunto bastante complexo, com o tanto que foi especulado e o pouco afirmado, posso apenas cogitar uma das origens das fadas. É uma versão que faz sentido se levados em conta os hábitos dos antigos pictos, correlacionando-os com o que se contam das fadas.
Se as fadas têm origem nos pictos ou são espíritos destes povos, como foi que estes seres se tornaram alados?
Bem, há deduções em relação a isto que chegam bem próximo à algumas respostas.
No post anterior citei como os pictos atuavam em suas batalhas. Por serem humanos de baixa estatura, podiam se esconder com facilidade; eram grandes guerreiros; pintavam-se de azul; subiam em árvores de onde pulavam de uma para outra; corriam velozmente e pareciam desaparecer repentinamente. Segundo os relatos históricos, assim era este antigo povo.
Há uma frase que na antiguidade era muito difundida e que até hoje é utilizada que diz que, quando alguém corre muito rápido, este "corre com o vento" ou simplesmente "voa". Sabemos que os pictos eram seres que pareciam mesmo voar com o vento por saltarem de uma árvore à outra com muita habilidade, e por correrem velozmente.
Certo é que, os pictos, ao se tornarem lendas, podiam ter adquirido asas como as dos pássaros ou outros seres e animais voadores, como as dos anjos ou dos dragões. Mas, por que as fadas são representadas com asas de libélulas? Muitas vezes de borboletas?


Há algumas explicações se nos focarmos nas características dos povos que estamos tratando e dos animais em questão.
Os pictos, ao contrário dos famosos anões e elfos das mitologias nórdicas (escandinava  / germânica), tinham uma diferença marcante quando colocamos uns ao lado dos outros. Primeiramente, os pictos eram diferente dos anões porque, assim como os pigmeus, eles eram seres de baixa estatura, porém delgados e, em relação aos membros do corpo muito mais proporcionais. Anões têm, normalmente, encurtamento de membros e musculatura bem desenvolvida. Os elfos, cujas origens estão na mitologia do norte do continente Europeu, a principio, eram conhecidos como seres mágicos, porém, em muitas lendas eram descritos como altos, assim como nos contos de Tokien em "O Senhor dos Anéis".
De todos estes citados, somente as fadas adquiriram asas ao longo das mitologias, e a explicação pode estar mesmo na origem de sua forma física.
Os pictos eram magros, leves e rápidos. Se fossem gordos, pesados e lentos, certamente não conseguiriam subir em árvores e nem correr com tanto sucesso. É aí que está o grande diferencial das fadas de origem picta com outros seres fantásticos. Não que haja algum problema em ser gordo mas, para eles, assim como para os celtas, ser gordo era ser mau guerreiro.
Analisando as características dos "pictos-fadas" e as das libélula, podemos dizer que há grandes pontos em comum. As asas que os pictos passaram a ter depois que começaram a dizer que eles podiam voar; a cor azul cintilante que eles pintavam o corpo (cor que as libélulas também possuem) e o corpo delgado, pequeno e longilíneo.
Há filmes como "O Labirinto do Fauno" e "O Encanto das Fadas", que mostram fadas disfarçadas de libélulas e libélulas que se transformam em fadas. Certo é que a relação das fadas com as libélulas é muito antiga, tão antiga que é difícil dizer quando foi que estes seres encantados adquiriram asas.
De toda forma, acredito eu, não seriam tão fabulosas e encantadoras se não as tivessem.




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pictos - Eram eles o "Povo das Fadas" ?


Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que este post evoca apenas uma possibilidade especulativa - uma teoria - já que muito pouco se sabe em relação aos antigos pictos.
Depois de ouvir diversos relatos supersticiosos a respeito, achei que este seria um tópico interessante a ser tratado. 
É claro que toda superstição tem um propósito de existir, mas é preciso ir muito além daquilo que se crê e analisar a fundo as razões de ser.
Após ler muito sobre a questão - também ouvir de pessoas do meio místico tantas coisas duvidosas - decidi que seria interessante um post que pudesse ampliar um pouco a visão sobre a origem das fadas.
Sabe-se que na antiga Escócia havia um povo que muitos arqueólogos, antropólogos e históriadores, acreditam ser antecessores dos celtas que habitaram posteriormente a região. Este povo era denominado "Pictos", em dialeto escocês "Pechs". Alguns estudiosos afirmam que este povo era caracterizado por  pessoas de baixa estatura, com uma média de 1,40 / 1,50 metro, de pele branca, mas um pouco mais morenos que os seus vizinhos da Irlanda e da Grã-Bretanha (conhecidos por sua pele alva). Os homens costumavam ter os cabelos compridos e as mulheres tinham fama de notáveis feiticeiras.
Embora fossem baixos na estatura, eram grandes guerreiros e reconhecidos por serem de grande coragem, bravura e estratégia de batalha.
Segundo alguns antropólogos, outra característica marcante dos pictos é que eles costumavam pintar o corpo - normalmente de azul - como uma pintura tribal, principalmente quando iam para as batalhas. Além de ser ritualístico, era também uma técnica de camuflagem.
Ainda há muitos enigmas a respeito deles, e foram exatamente estes enigmas que fizeram dos pictos um povo cercado de mistérios.
Acreditavam que eles desapareciam por meios mágicos e seus esconderijos raramente eram localizados.
Pict Warrior
Não eram muito amistosos e costumavam se esconder nas florestas, de onde, acredita-se, atacavam seus inimigos com flechas e dardos envenenados. Diziam que eles tinham a destreza de pular de uma árvore para outra (talvez por sua leveza que facilitava tal feito) com muita habilidade e desapareciam repentinamente, por isso eram também conhecidos como o "Povo da Floresta", "Povo Pequeno" ou "Povo Miudo". O Imperador Adriano mandou costruir uma muralha no norte do Grã-Bretanha que foi denominada "A Muralha de Adriano" exatamente para delimitar um território que, mais ao norte, era perigoso até mesmo aos soltados romanos. Resquícios desta lendária muralha existem até hoje.
Bem, pelo pouco que foi descrito deste antigo povo que ocupava parte da antiga Grã-Bretanha, já podemos fazer uma análise paralela com a origem das fadas.
Primeiramente partimos da estatura: os celtas das outras regiões e do continente costumavam ser mais altos, com mais de 1,70 metro de altura. Perto deles, os pictos eram realmente pequenos. Daí pode ter se originado a ideia de que as fadas são pequenas.
O fato de não serem amistosos e muito receosos, também por questões territoriais, fizeram com que fossem bastante temidos e diziam que eles não eram confiáveis. Algo muito conhecido e divulgado: "Não confiem nas fadas!" ou "As fadas são seres desconfiados!".
Como costumavam pular de uma árvore para a outra admiravelmente, podia-se ter a impressão de que voavam; o fato de conhecerem muito bem as matas e os seus esconderijos levavam a acreditar que eles, como mágica, desapareciam. Logo, a crença popular pode ter adicionado a eles as famosas asas das fadas, e até mesmo difundido lendas de que se tornavam invisíveis.
Os pictos costumavam pintar o corpo de azul, ou azul-esverdeado (deste hábito também derivam a palavra que define a raça, "Pict" - que em latim quer dizer "Pintado"). Lembremos que as fadas são muitas vezes representadas como seres de cor azul brilhante, azul-esverdeado ou azul-acinzentado.
Há quem acrecite que as tribos pictas se definiam como uma "raça distinta", e não simplesmente um povo celta separado. Eles não se pareciam muito com os denominados celtas de origem continental. Na verdade, até hoje não se sabe exatamente como os pictos foram parar na Ilha, ou de quem eles realmente descendiam.
Morgana
Morgana Le Fay, famosa personagem das histórias e lendas arthurianas, segundo algumas mitologias, era descendente deste povo. Por isso, muitas vezes caracterizada como uma mulher baixa e morena.
Eles também eram conhecidos por sua força; por serem pessoas noturnas; festeiros (festas também noturnas); construirem suas casas no subsolo (de modo que ficassem bem escondidas). Diversas casas do gênero foram preservadas e ainda podem ser vistas na Grã-Bretanha.
Eis então a questão: eram os pictos o povo das fadas?
Não há conclusão, já que há muitas teorias para as origens das fadas. Mas existe, a meu ver, uma grande probabilidade deste povo ter originado muitas  das lendas que até hoje fazem parte das nossas histórias fantásticas. 









terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Diferença Histórica entre Magos, Feiticeiras e Bruxas

Bem, este post é para esclarecer um pouco as diferenças que existem entre magos, feiticeiras e bruxass, segundo dados históricos.
De acordo com o livro "Bruxaria e História: as Práticas Mágicas no Ocidente Cristão", há sim uma diferença histórica entre eles e, se hoje palavras diferentes são usadas para designar uma pessoa que faz uso de alguma prática mágica, nem sempre foi assim.
Os magos, na antiguidade, eram de alguma forma ligados à nobreza. Homens cultos, conhecedores da alquimia, teologia, filosofia, e eram considerados sábios que possuíam grandes conhecimentos nas mais diversas áreas.
As feiticeiras estão diretamente ligadas à Idade Média e eram mulheres que que dominavam o uso das ervas, da medicina natural e conheciam bem a natureza e seus mistérios. Faziam poções, lançavam feitiços, sortilégios e divulgavam superstições.
As bruxas surgiram posteriormente, na Idade Moderna, e eram mulheres que, segundo a Igreja, participavam de seitas demoníacas e tinham pacto com o "diabo" (lembrando que diabo é um termo cristão e as bruxas jamais acreditaram nele) por praticarem rituais pagãos. Na chamada "Santa Inquisição", foram elas as perseguidas, torturadas e queimadas na fogueira. Por tabela, as feiticeiras, mesmo as que se diziam cristãs, também acabaram como vítimas, pois apresentavam risco às crenças cristãs. Já os magos conseguiram sutilmente escapar.
Posteriormente tudo veio a se mesclar, e as palavras que antes não existiam começaram a aparecer como: feiticeiros (antes designada somente às mulheres), bruxos (os homens acusados de bruxaria na Inquisição estavam ligados às mulheres tidas como bruxas) e magas (pouco utilizada mas ainda assim conhecida).


BRUXAS E FEITICEIRAS


Não quero, de modo algum, limitar os sentidos das palavras, mas a história faz a designação segundo a atuação.
O termo "feitiçaria" provém de farmakía, que significa "drogueadores", e no latim é veneficae - de onde também deriva a palavra "veneno", ou seja, preparação de misturas com fins terapêuticos a partir de ervas e plantas. Obviamente que as misturas eram, muitas vezes, utilizadas para provocar estados alterados de consciência e até mesmo para preparar venenos (não necessariamente usados contra seres humanos). 
O termo "bruxaria", tão utilizado pela Igreja na Inquisição, em latim é maleficiis, a mesma origem da palavra "maleficio"( maleficus ), ou seja, aquele que praticava o que era "mau", segundo as crenças cristãs.
Podemos dizer que nem toda bruxa era uma feiticeira e nem toda feiticeira era bruxa, mas todas as mulheres que, mesmo sem se darem às práticas da feitiçaria, participavam de rituais pagãos eram, para o "Santo Ofício", uma má influência ao povo e aos interesses do Clero.
Com o passar dos séculos as palavras foram de misturando e hoje diz-se que uma bruxa é uma feiticeira e vice-versa. Bem, não é novidade que milhares de pagãos foram queimados nas fogueiras, decapitados e torturados durante a Inquisição e, como as feiticeiras também haviam entrado em julgamento, o conhecimento da ervas e as práticas religiosas que antes eram divididos tiveram que se condensar em alguns grupos e, secretamente, foram passando de geração em geração. 
Não há como dizer nos tempos atuais que uma bruxa não é uma feiticeira, já que na bruxaria moderna o uso e preparo de ervas e talismãs é muito comum. 
Se há, em contrapartida, feiticeiras que não gostam de ser denominadas bruxas, elas que se justifiquem, afinal, na minha concepção, não existe mal algum em ser uma ou outra, ou até mesmo as duas.




quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mandrágora - A Raiz Gritadeira


A mandrágora é considerada uma planta mágica desde a antiguidade. Ela aparece, inclusive, em textos do antigo testamento (no livro do Gênesis e no Cântico dos Cânticos).
Desde tempos remotos usa-se a mandrágora para os mais diversos fins; dizem que ela possui qualidades de natureza medicinal e, tanto médicos como curandeiros, a recomendavam principalmente como analgésico e narcótico. Mas seu uso ia muito mais além, pois acreditava-se que ela era afrodisíaca e alucinógena.
Era muito utilizada pelos antigos romanos como anestésico em suas cirurgias, mas em tempos medievais poucos a utilizavam por ser considerada uma planta de mau agouro.
A raiz desta planta, assemelha-se a um ser humano e, em alguns casos, a um perfeito feto. Devido à esta semelhança, muitos mitos e lendas foram criados ao redor da mangrágora e seu uso na magia e na bruxaria estava também relacionado a esta similaridade. 
Mandrake
Acredita-se que a lenda da raiz gritadeira tenha origem na Idade Média. Para que a raiz da planta pudesse manter suas propriedades mágicas, ela devia ser arrancada somente em noites de lua cheia e, para extraí-la, devia-se utilizar uma corda com uma das pontas amarradas nas ramas da planta e a outra ao pescoço de um cão, de preferência preto. Sendo assim, o cão puxaria a raiz e a mandrágora sairia do solo sem grandes problemas. Caso contrário, diz a lenda, extraí-la sem o devido cuidado poderia ter efeito devastador. Ao ter sua raiz exposta, a mandrágora soltaria um grito tão horripilante e estridente que podia ser fatal  a qualquer um que estivesse por perto.
É sabido que a superstição medieval ultrapassava muitos limites e é bem provável que muitos preferiam não arriscar extrai-la de outra maneira.






CUIDADO


Vale lembrar que a mandrágora, ainda muito procurada principalmente para para uso em rituais e poções mágicas, é altamente tóxica.
Há dois gêneros de plantas de nome "mandrágora" que são bem distintas e de famílias diferentes. Uma é parente do tomate e é considerada a verdadeira. Trata-se da Mandragora officinalis ; possui flores roxas e suas folhas se assemelham às da tançagem. A outra (Bryonia dioica) é parente da abóbora e possui as folhas em forma de palma; tem flores brancas e pequenos frutos vermelhos; é também conhecida como "Nabo-do-diabo".
Devido às dificuldades em encontrar mandrágoras em países fora da Europa, quando se trata de fins mágicos, utiliza-se, ao invés delas, o gengibre ou o ginseng. Ambas raízes também têm aspectos que se assemelham a um ser humano (antropomorfismo), com a vantagem de não serem venenosas.
Algumas pessoas me escrevem perguntando se eu conheço algum fornecedor e mudas ou sementes, portanto, serei bem enfático nesta questão:

1 - Até mesmo na Europa, onde é nativa, é difícil encontrar mudas de mandrágora.
2 - É uma espécie onde o comércio na Europa não é bem visto por apresentar diversos ricos devido às suas propriedades tóxica.
3 - É uma planta que dificilmente se adapta a climas diferentes daquele onde é endêmica. No Brasil está praticamente fora de questão adaptação.
4 - É extremamente frágil e de difícil cultivo.
5 - Faça uma busca no Google e procure pela palavra "Mandrake Plant", você verá que a maioria das imagens são de desenhos ou ilustrações e pouquíssimas são retratos da planta. É difícil até mesmo ser fotografada.
6 - Peço encarecidamente que não divulguem vendedores ou informações de como conseguir esta planta e que também não façam tais comentários nesta postagem.
7 - Eu estudo plantas mitológicas há mais de uma década e posso dizer, com certa propriedade, que não existem formas de conseguir mudas verdadeiras de mandrágoras no Brasil. Tampouco, se enganem com pseudos vendedores de sementes, que certamente não vão brotar.

Talvez, na Idade Média, onde as matas europeias eram mais densas, fosse mais fácil encontra-las na natureza. Hoje é realmente algo raro de se ver.


ATENÇÃO: Definitivamente, desconheço qualquer forma de conseguir a planta e nem fontes seguras de vendas, portanto, não poderei ajudar nesta busca.
 



terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Loureiro - Nobre e Glorioso

Laurus Nobilis
 O Loureiro, ou Louro, era um símbolo de imortalidade na Grécia e Roma antiga, onde também se tornou o emblema da nobreza, da vitória, da glória e do Triunfo.
A Laureate era uma coroa de ramos de louro que os antigos usavam na testa como status de nobreza. Já os atletas olímpicos eram coroados com ela ao se tornarem ganhadores das competições.
Na antiga Grécia, ter um jardim com loureiros mostrava que aquela família pertencia à nobreza e acreditava-se que, se um louro estivesse minguando, era um sinal de mau presságio para os habitantes da casa.
O louro é também é um das insígnias da poesia e da sabedoria. O "Poet Laureate" é um grande exemplo, este título honorário recebe o nome da árvore.



APOLO E DAFNE

De acordo com a mitologia Grega, Apolo era o deus mais belo do Olimpo, além disto, era muito vaidoso e, sendo ele um habilidoso arqueiro, se enaltecia de sua destreza com o arco de prata.
Apollo e Daphne - George S. Watson
Cupido, o deus do amor, para mostrar que era mais habilidoso e superior a Apolo, pregou-lhe uma peça: ao ver o belo deus acercar-se da ninfa Dafne, atirou duas flechas, uma em direção a Apolo, para que ele se apaixonasse por ela, e outra à Dafne, para que ela sentisse repulsa ao amor do deus.
Apolo, logo após ser atingido pela flecha, caiu aos pés da ninfa loucamente apaixonado. Dafne, contudo, sentiu imediato repúdio àquele amor. O deus, porém, não aceitava a recusa da ninfa e implorava à ela que se casasse com ele.
Obcecado, Apolo começou a perseguir sua amada, mas esta corria dele com mais repelência. Até que um dia, Dafne, já cansada de fugir, recorreu a seu pai, Peneu, implorando a ele para mudar-lhe a forma de modo que Apolo não a reconhecesse.
O Pai, compadecendo-se do sofrimento da filha, atendeu-lhe ao pedido e a transformou-a em uma árvore pouco antes de Apolo alcança-la.
O Deus, ao ver sua amada metamorfoseada, ajoelhou-se, abraçou-a, beijou-lhe o tronco e exclamou:
" - Já que não a terei como esposa, serás para sempre minha planta. Com tuas folhas enfeitarei minha lira e minha aljava e também com elas serão feitas coroas para que os grandes e heroicos conquistadores marchem vitoriosos à frente dos cortejos triunfais usando-as em suas frontes.
Serás eternamente venerada e, como eu, aparentarás eterna juventude, também hás de ser sempre bela e verde e tuas folhas não envelhecerão."
Diz a lenda que assim foi criado o louro, pela transformação da ninfa a qual o mais belo dos deuses do Olimpo tanto amou. Dafne em grego (Δάφνη) quer dizer "Loureiro".
E através da lenda se explica porquê as folhas de louro, mesmo depois de caídas, ou colhidas, permanecem verdes exalando cheiro e sabor.

sábado, 30 de julho de 2011

A Lenda das Amendoeiras

Diz a lenda que, há séculos atrás, antes do reino de Portugal existir, quando a região do Algarve era habitada pelos mouros, reinava o jovem Ibn-Almundim, famoso por suas vitórias bélicas.
Um dia, entre os prisioneiros capturados, o jovem rei deparou-se com uma linda donzela de nome Gilda. Encantado com a beleza da moça, o rei enamorou-se dela, a libertou, conquistou sua confiança, a cortejou e, por fim, a tomou como esposa.
A felicidade reinava entre os dois até que, um dia, a rainha adoeceu sem que ninguém soubesse a causa de sua enfermidade e a preocupação com sua saúde se espalhou por todo reino.
Um velho prisioneiro que pertencia ao país de onde viera a rainha Gilda, ao saber que ela perecia, pediu para ser recebido pelo rei, pois, dizia ele, que podia descobrir a causa da doença apenas ao olhar para ela.
O sábio, conhecendo as origens da donzela, disse ao rei que o sofrimento que a assolava era, simplesmente, nostalgia, pois sentia falta de seu país e da neve das terras do norte. O Rei perguntou ao sábio se havia algo a ser feito para amenizar o sofrimento de sua amada e o velho homem disse que a solução era plantar, por todo o reino, amendoeiras em flor, para que quando florissem, suas brancas flores, do alto do castelo, poderiam dar a ilusão de um campo nevado.
O rei acatou o conselho do sábio e mandou que as amendoeiras fossem plantadas por todo o império.
Na chegada primavera, o rei levou a rainha até o terraço do castelo e mostrou à ela reino repleto de amendoeiras que davam a impressão de um grandioso campo nevado.
A rainha, ao se deparar com aquela visão, sentiu-se reconfortada, encheu-se de alegria e recobrou suas forças.
Ambos viveram longos anos de um intenso amor, e esperavam, ansiosos, a primavera que vinha trazer a espetacular visão das amendoeiras em flor de neve.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Salgueiro Lutador


Muitos se lembram do famoso "Salgueiro Lutador" da Série "Harry Potter". De acordo com a autora, ele foi plantado pelo Professor Dumbledore com o propósito de ajudar o jovem Remo Lupin: depois que fora mordido por um lobisomem, ele passou a transformar-se em um a cada lua cheia. Lupin utilizava uma passagem, por baixo das raízes da árvore, para chegar até a assombrosa "Casa dos Gritos", onde se transformava e permanecia até voltar ao normal.
Whooping Willow
O "Salgueiro Chorão" é bastante conhecido e muito popular, mas muitos acreditam que o tal "Salgueiro Lutador" não passa de uma árvore mítica, entretanto, ele é bem real. Trata-se da espécie "Salix alba" 'Chermesina', é um tipo de "Salgueiro Branco" de origem germânica.
Na língua inglesa ele é chamado de "Scarlet Willow", isto porque, embora seja da espécie "alba", que no latim significa "branco", seus galhos são avermelhados.
Ao contrário do chorão "Salix babylonica", esta espécie não é  comum fora da Europa e, inclusive lá, é bastante rara.
A árvore tem um formato que lembra uma vassoura invertida e as pontas dos troncos têm formas de punhos fechados. Talvez por isso J. K. Rolling o tenha assimilado a um lutador. Além disto, sua aparência é mesmo um pouco amedrontadora, principalmente no inverno quando caem suas folhas e seus galhos espetados fazem lembrar garras ameaçadoras.


Legítimo Salgueiro Lutador - Salix alba  'Chermesina'


A Sabedoria das Árvores

É importante entender os motivos pelos quais os antigos celtas cultuavam com tanta veneração as árvores, e porque seus bosques eram, para eles, tão sagrados.
Segundo alguns estudiosos da cultura celta, as árvores eram consideradas seres vivos que possuíam um infinito conhecimento e sabedoria. Os celtas imaginavam o Universo na forma de uma grande árvore cujas raízes aprofundavam-se até o submundo, os troncos cresciam através do espaço e os ramos atingiam os céus.
Alguns autores, como Robert Graves, contam que povo celta designava uma árvore para cada fase da lua em seu calendário. Isto, de acordo com as propriedades mágicas, medicinais, e também simbólicas, de cada uma delas.
Portanto, os celtas seguiam também o ciclo da Lua, com o ano dividido em 13 meses lunares. De acordo com alguns estudiosos desta cultura, eles acreditavam que a raça humana descendia de árvores e que cada árvore era dotada de qualidades místicas próprias. Eles codificaram esses mistérios em um alfabeto secreto conhecido como o Ogham (pronuncia-se Ouan).
Relatos dizem que os celtas dividiam o ano em três estações: primavera, verão e inverno. Além disto, acreditavam que a divindade era uma trindade (algo muito semelhante, posteriormente, se estabeleceu no cristianismo), dividida em três partes:
Trisklel
Divino Universal / galáctico ou etéreo;
Masculino / solar;
Feminino / lunar. 
O número Três sempre esteve associado ao sagrado. Na numerologia ele é o número que simboliza o acréscimo e, não raramente, vemos em diversas culturas o número três ligado ao divino. 
Um dos símbolos celtas mais conhecidos é o Triskle (ou triskele), que representa a tríade que move o universo. É um símbolo formado por três espirais interligados que representam o fluxo do "três divino". 
Alguns afirmam que os druidas compunham três círculos de homens chamados "conselhos", como uma se fosse uma divisão política. O primeiro conselho era denominado "Oshar", o conselho da árvore da verdade; o segundo era "Altar", o conselho da árvore do conhecimento, do caos e da ordem e o terceiro era o "Iltar", o conselho da árvore da vida.
Fato é que, para este povo antigo, as árvores possuíam todo o conhecimento em sí e eram os seres mais divinizados, pois estavam, mais do que qualquer outro ser, conectados intimamente aos elementos da natureza.
Mais do que qualquer outro ser, conectadas à terra (literalmente enraizadas nela), à água (através da captação natural e reservatório natural), ao fogo (captação solar para fotossíntese, transformação que um ser animal não é capaz naturalmente) e ao ar (através da captação do gás carbônico, transformando-o no oxigênio fundamental à vida na terra).
Isto prova que os celtas não cultuavam as árvores por mera idolatria, mas havia, acima de tudo, um fundamento claro para toda esta crença.
Os costumes folclóricos que expressam essa reverência às árvores foram praticados por séculos antes de serem desencorajados, até mesmo demonizados, pelas religiões abraâmicas – ou então absorvidos silenciosamente quando essas práticas não puderam ser suprimidas. Muitos bosques pagãos foram dedicados a santos cristãos. Homens-verdes (GreenMan) foram esculpido uma igrejas, como em King's Nympton (Inglaterra), e o folclore foi transformado em esculturas que passaram a representar a o poder de Cristo sobre a Natureza. 
Hoje, quando o amor pelas árvores é considerado ecológico ou romântico em vez de satânico, cristãos e pagãos podem desfrutar dos antigos costumes florestais da herança popular dos antigos povos que viam na Natureza o Grande Poder gerador da vida.