sábado, 9 de julho de 2011

A Velha Sabugueiro

Sim, o título está correto, pois não devíamos chama-lo de "o sabugueiro", mas como não é considerado uma árvore e sim um arbusto e, na língua portuguesa, diferente do inglês, os gêneros são bem definidos, não podemos considera-lo como "a sabugueiro". Todavia, há séculos e em diversas culturas está relacionado ao feminino e ligado às bruxas.
O sabugueiro está no folclore da maioria dos países europeus com lendas e superstições que foram transmitidas de geração em geração desde os tempos pré-cristãos. Sempre ligado ao feminino, às fadas e às deusas. Dizem, inclusive, que é esta grande ligação com o feminino que faz com que o sabugueiro seja considerado a "árvore das bruxas". Alguns pagãos o chamavam de "Mother Elder" (Mãe Anciã) ou "Ellhorn the Wisewoman" (Ellhorn, a velha Sábia).



A LENDA DA VELHA SABUGUEIRO
 

Reza a lenda que, um rei partiu da Dinamarca rumo à Bretanha com o intuito de conquista-la. Pisou em solo inglês acompanhado de muitos homens e, depois de marcharem por muitos dias, atravessaram uma faixa de campo em direção à uma aldeia conhecida como "Long Compton".
Já bem próximos ao vilarejo, em uma trilha íngreme, uma velha mulher apareceu a eles e lhes disse:


 
"Sete largos passos darás,
Se puder ver Long Compton,
Rei da Inglaterra serás! "
  


O rei com bom pressentimento, sentiu que as palavras da velha feiticeira se tratava de uma profecia a seu favor. Deu, então, sete largos passos adiante mas sua visão foi bloqueada por uma colina e ele nada pode ver.
A velha sorrindo então conjurou:
 

"Como Long Compton não podes ver,
Rei da Inglaterra não poderás ser.
Levanta-te e, como rocha, fique parado,
Para a Inglaterra não haverá rei.
Tu e teus homens em pedras serão transformados.
E eu, sabugueiro me tornarei!"



Um forte vento então soprou e o o rei juntamente com seu exército se transformou em um círculo de pedras. A velha, porém, transformou-se em sabugueiro e juntou-se às outras árvores do local.
E até hoje existe este místico círculo de pedras que fica localizado entre os condados de Warwickshire e Oxfordshire, denominado "The Rollright Stone".





 

sábado, 2 de julho de 2011

As Oliveiras - Jóias do Mediterrâneo


Quando se trata de árvores e simbolismos, não se pode esquecer de uma espécie ancestral que por milênios vem sendo venerada, principalmente pelos povos do mediterrâneo.Entre os Gregos da antiguidade havia a lenda de que a primeira Oliveira foi um presente da deusa Atenas, que fez brotar na Acrópole uma árvore cujos frutos deram origem à muitas outras que se espalharam pela nação dos helenos. Ao contrário de outras civilizações da época, como o Egito e a Mesopotâmia, o solo grego não era dos mais férteis, além de ser fino e pedregoso o que dificultava o cultivo de grãos. Mas as oliveiras, espécies que se adaptam bem mesmo em terrenos pobres e arenosos, cresciam e frutificavam. O azeite financiou o desenvolvimento da Grécia antiga, desde sua moeda que o negociava até a sua marinha que o transportava. Até hoje a fabricação do óleo de oliva é uma das principais fontes de renda em boa parte do Mediterrâneo.
O azeite era usado entre os egípcios e os povos de Israel para a purificação ritual, na consagração dos sacerdotes e na unção dos doentes. Era utilizado também como medicamento para tratar diversas enfermidades, além de ser fundamental para acender os candeeiros que iluminavam as casas, palácios e templos.
Como espécie ancestral, ela simbolizava a sabedoria, a perseverança e a dádiva, era um ser dado por Deus aos homens para os mais diversos fins. Pode viver mais de mil anos e há quem diga que existem exemplares no "Horto das Oliveiras", nas proximidades de Jerusalém, que estão lá desde os tempos em que Jesus por lá passou e no local chorou em sua agonia. O Cristo pediu ao Pai que afastasse dele o cálice da amargura antes da crucificação e, segundo o evangelho, foi lá, entre as sábias anciãs, que encontrou a coragem para cumprir sua missão. O local conhecido como Getsêmani quer dizer "Prensa de Azeite" e está localizado no Vale do Cédron em Israel.
Mas a oliveira aparece em vários versículos bíblicos, um dos mais simbólicos está em Gênesis 8,11 onde a pomba que Noé enviara para buscar terra firme retorna trazendo consigo um ramo de oliva, assim o construtor da arca soube que as águas finalmente estavam baixando. Uma boa nova para quem estava há meses num barco.



 

As Oliveiras de Renoir


Pierre-Auguste Renoir foi um dos mais célebres pintores de todos os tempos. É um dos nomes de maior destaque da arte impressionista francesa juntamente com seu amigo Claude Monet.
Monet foi um grande amante da natureza e seu jardim em Giverny é sem dúvidas uma obra inspiradora. Giverny se tornou famoso juntamente com suas ninféias tantas vezes retratadas pelo pintor e hoje é um dos pontos turísticos mais visitados da França. Mas poucos sabem que Renoir também teve seu jardim inspirador.
Em 1907, Renoir comprou uma fazenda em Cagnes-sur-Mer, para salvar um bosque. O pintor procurava uma propriedade na Riviera quando soube que um sitio que abrigava oliveiras centenárias seria derrubado e descampado, ele adquiriu a propriedade para manter as seculares árvores que ali estavam. O local foi retratado diversas vezes por Renoir que tentava cada vez mais captar sua essência.
Certa vez o pintor escreveu "Minhas árvores estão cheias de cores. Basta uma rajada e vento para a tonalidade delas mudar. A cor não está simplesmente nas folhas, mas no espaço entre elas."


Bosque de Les Colletes









A Rainha Faia

Se o Carvalho é considerado o Grande Rei das Florestas, a Faia leva o título de Rainha. Ambos pertencem à mesma família, a das Fagaceas.
Assim como o Carvalho, ela é uma árvore ancestral, que pode durar séculos, e chama muito atenção por seu porte majestoso.
É controverso o culto às faias pelos antigos celtas. Ela entra em um dos alfabetos do "ogham", mas não aparece entre as treze árvores do calendário. Isto não a faz ser menos importante, já que, também para outros povos indo-europeus, a faia sempre esteve carregada de simbolismos e muitos cultos à ela foram prestados.
O termo alemão para "letras" (buchstaben), significa "varas de faia". O antigo povo germânico e seus ancestrais usavam essas varas para ler a vontade dos deuses. Na verdade, era um sistema divinatório o qual os sacerdotes lançavam varas e delas interpretavam o que eles chamavam de mensagem divina, uma espécie de búzios ou ogham dos velhos germanos.





O Dr. Markus Eichhorn, ecologista, nos mostra um pouco mais da Faia no vídeo abaixo:







"A FAIA"

Esta beleza que está diante de mim,
Incontestada pela luz do dia,
Ou pelos quatro ventos que a rodeiam.
Ela ficou sozinha por muito tempo.
Ofereceu sua força e abrigo
Por tanto tempo.
Se tornou parte, infiltrou-se,
Sempre mudando os campos do tempo.
Esta beleza que está diante de mim,
Tem crescido através dos tempos.
Escondendo segredos nunca contados e,
Até mesmo sua sabedoria parece infiltrar-se através de
Seu colorido sincero,
Raízes que se profundam e se espalham,
Ramos que se alongam como mãos...
Uma visão reconfortante para os espectadores
Que sorriem enquanto
Compreendem.


* "The Beech Tree" by Duncan Wyllie 



quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Romãzeira - Punica granatum

É evidente minha predileção por árvores sagradas ligadas aos celtas, porém, não deixo de admirar, nem estudar sobre outras árvores, seus mitos, lendas e cultos em diversas culturas.
A romanzeira, ou romãzeira, é uma árvore cuja origem está no oriente mas que ao se espalhar pela Europa, junto à ela se espalharam seus simbolismos.
Ela aparece diversas vezes nos textos bíblicos, de modo particular no velho testamento, e os hebreus a tinham como símbolo de fertilidade.
Perséfone e a Romã
Os gregos a associavam ao amor e a fecundidade e era dedicada à Afrodite. Ela também aparece no mito de Perséfone que é raptada por Hades, deus do mundo subterrâneo. Ao comer uma única semente de romã no submundo, Perséfone manifesta um gesto aceitação e uma vida junto ao deus.
A Espanha é o maior produtor de Romãs do mundo devido a grande adaptação da espécie em algumas regiões do país. Seu nome científico, Punica granatum, é de onde se origina a palavra "Granada", que denomina uma importante cidade espanhola.






terça-feira, 28 de junho de 2011

O Poema das Nove Árvores



Nine woods in the cauldron go, burn them fast and burn them slow.

Birch into the fire goes, to represent what the Lady knows.

Oak gives the forest might, in the fire brings the God's insight.

Rowan is the tree of power, causing life and magic to flower.

Willows at the waterside stand, to aid the journey to the Summerland.

Hawthorn is burned to purify, and draw faery to your eye.

Hazel, the tree of wisdom and learning, adds its strength to the bright fire burning.

White are the flowers of the apple tree, that brings us the fruits of fertility.

Fir does mark the evergreen, to represent immortality unseen.

Elder is the Lady's tree, burn it not, or cursed you'll be.



Nove madeiras no caldeirão vão, queime-os rapidamente e queime-os lentamente.

Vidoeiro no fogo vai, para representar que a Senhora tudo sabe.

Carvalho dá à floresta poder, no fogo traz a visão e de Deus compreensão.

Sorveira é a árvore do poder, dando vida e magia à flor.

Salgueiros na orla descansam, para ajudar na jornada ao País do Verão.

Pilriteiro é queimado para purificar e trazer fadas ante seus olhos.

Aveleira, a árvore da sabedoria e da aprendizagem, aumenta sua resistência com ao brilhar e queimar do fogo.

Branca são as flores da macieira, que nos traz os frutos da fertilidade.

Pinheiro é a marca do sempre-verde, para representar a imortalidade invisível.

Sabugueiro é a árvore da Senhora, não o queime, ou será amaldiçoado.





Encontrei este poema, de autor desconhecido, mas ele representa bem como os antigos celtas viam algumas das árvores sagradas e o que elas representavam.
Nove é um número místico e representa o 3 x 3. Ou seja, o perfeito da perfeição da Grande Deusa Tríplice. Leia-se "queime-as" como simbologia, já que nem todas elas podiam ser queimadas, o sabugueiro é um exemplo. Queimar, no poema, significa "utilizar". 
Feitiços eram feitos utilizando certas partes das árvores. O caldeirão significa o ato da magia, fosse ela queimando galhos, utilizando as flores ou os frutos, preparando óleos ou chás. 

domingo, 26 de junho de 2011

O Freixo e A Bétula

The Ash Tree - Freixo
Resisti um pouco em escrever sobre estas árvores já que, no Brasil, dificilmente se encontram estas duas espécies em questão. Mas, elas têm um rico simbolismo para os povos da Europa e não posso me esquecer do povo português, tão querido, que tem acesso a este blog, e tem o prestígio em ter em suas terras ambas árvores tão divinas.
A Betula e o Freixo fazem parte das árvores que, juntamente com a Sorveira, correspondem ao "ABC" celta. Conforme Robert Graves, o alfabeto "Beth - Luis - Nion", que equivale a uma espécie abecedário para os antigos celtas, se inicia com "Bétula / Sorveira / Freixo". Isto porque se tratam das primeiras árvores do Ogham.
The Birch Tree - Betula
 
A Betula é a primeira árvore do calendário e corresponde ao dia 24 de Dezembro, curiosamente na véspera do natal cristão, mas esta é uma questão a ser discutida posteriormente.
Quanto à Sorveira , ou Sorva, já foi descrita no post "As Árvores Sagradas dos Celtas". Ela corresponde ao "Luis", a segunda árvore do calendário.Além disto, as vassouras utilizadas por feiticeiras eram tradicionalmente confeccionadas, utilizando-se cabo de freixo e cerdas de bétula.
Agora passemos aos simbolismos de cada uma dessas árvore.



O FREIXO

O Freixo, para muitos povos europeus, representava a "Árvore do Mundo". Com a Bétula se faziam as cerdas das vassouras das bruxas e com o freixo se faziam os cabos destas.
Esta é uma árvore que também sempre esteve ligada à proteção. Era comum as armas, lanças, entre outros utensílios de guerra, serem fabricados com madeira de freixo.
Para os vikings, a grande árvore Yggdrasil era um freixo gigante e estava localizada no centro do universo. Foi através dela que o deus Odin (Wodan) conheceu o segredo das runas. Odin ofereceu um de seus olhos em sacrifício para que a árvore revelasse seus segredos, para isto, ficou pendurado durante nove dias e nove noites.







A BÉTULA

Também Chamada de Vidoeiro, representa a árvore do início. É relacionada à limpeza e purificação. A tão famosa vassoura utilizada pelas bruxas era, e ainda é para os mais tradicionais, feita de ramos de bétula e servia para limpar o ambiente na manhã posterior ao solstício de inverno, a noite mais longa do ano. A casca era usada para magia de proteção e serviam uma espécie de cerveja feita com bétula quando achavam que alguém estava sob algum ataque espiritual.
Os berços eram feitos desta madeira com o propósito de proteger as crianças indefesas de todo e qualquer malefício ou doença. 
Tradicionalmente os galhos de bétula eram usados ​​para acender os fogos Beltane.
Esta árvore é reconhecida por seu tronco esbranquiçado e muitas vezes associada a grande Deusa Branca. É denominada a 'Dama Branca da Flresta'.






 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Batalha dos Dois Reis



Na mitologia celta, o Rei Carvalho e o Rei Azevinho são rivais e durante todos o ano eles lutam pelo domínio da floresta. Após o Solstício de Verão o Rei Azevinho vai enfraquecendo o Rei Carvalho, e este, aos poucos vai sucumbindo ao Outono e ao Inverno. Assim os celtas explicavam as mudanças das estações.
O carvalho é uma árvore caducifólia, ou seja, suas folhas começam a cair no outono e durante o inverno estão quase todos desfolhados. Esta é uma característica típica de árvores de clima temperado, elas entram em estado "dormência", para preservarem energia quando a temperatura cai drasticamente. Mas os avezinhos possuem folhas duras e resistentes, elas permanecem sempre verdes e são uma das raras espécies que mantêm a ramagem frondosa, mesmo nos meses mais frios.
The Holly King - Rei Azevinho
No inverno do hemisfério norte, os grandes e majestosos carvalhos, ao perderem suas folhas, deixam com que os azevinhos, arbustos menores e escondidos entre grandes árvores, se destaquem na paisagem branca e árida da neve.
O Rei Azevinho vence seu rival Carvalho quando o deixa completamente nu (sem folhas). Mas o Rei carvalho não morre, apenas enfraquece e, logo após o solstício de inverno, já começa a recuperar suas forças.
Quando o sol começa a derreter a neve, o Rei Carvalho volta a se coroar, ofusca o Rei Azevinho e o esconde. Domina sobre a floresta e estende sua folhagem frondosa, manifestando sua vitória para que todos vejam.
Porém, o Rei Azevinho, sem descanso, continua sua árdua luta para sair do esconderijo até conseguir reinar novamente.
 

Oak King - Rei Carvalho




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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Canto das Treze Árvores


CELTIC THIRTEEN TREES CHANT


Apple for the Lady, 
Oak for the Lord, 
Hazel for the Wise Ones, 
Holly for the sword, 
Rowan for protection, 
Birch to make a start, 
Alder for the fire, 
Willow for the heart...
Ash the Magician.
Ivy makes a crown, 
Vine for the wine 
When the cup comes around.
Elder for the ancients, 
In the forest tall.
And the yew tree at Samhain,
To cover us all!!                             





Este é um canto Bardo. Não saberia dizer se ele se trata de uma canção antiga, mas, de toda forma, a inspiração do compositor é , certamente, na mitologia celta das árvores.


CANTO DAS TREZE ÁRVORES
 
Macieira para a donzela, 
Carvalho para o senhor, 
Aveleira para os sábios, 
Azevinho para a espada, 
sorveira para proteção, 
Betula para um início, 
Amieiro para o fogo, 
Salgueiro para o coração... 
Freixo, o mago.
Hera faz uma coroa, 
Videira para o vinho
Quando a taça vem chegando.
Sabugueiro para anciãos, 
Na alta floresta.
E o teixo no Samhain,
Para cobrir a todos nós....






Decifrando o Poema:



Macieira para a donzela... (A Macieira sempre esteve ligaga ao sagrado feminino).

Carvalho para o senhor... (Ele é considerado o senhor das matas e a está associado ao poder e a masculinidade).

Aveleira para os sábios... (Os ramos de aveleiras eram muito utilizados para profecias e a árvore ligada à sabedoria).

Azevinho para a espada... (Os guerreiros faziam lanças e outros objetos bélicos utilizando madeira de azevinho).

Sorveira para proteção... (Acreditava-se que a sorveira tinha o poder de quebrar feitiços e protejer dos males).

Betula para um início... (A betula é a primeira árvore do caledário celta).

Amieiro para o fogo... (A madeira era favorita para fazer carvão e muito utilizada para lenha).

Salgueiro para o coração... (A árvore tem forte ligação com o emocional e sentimental).

Freixo, o mago... (Os magos tinham forte predição por varas feitas de madeira de freixo).

Hera faz uma coroa... (As coroas de heras eram feitas para decorar santuários e atrair espiritos da natureza).

Videira para o vinho... (O vinho de uva era muito apreciado, principalmente nas festividades).

Sabugueiro para anciãos... (A própria palavra "elder" significa, também, "ancião" e está fortemente ligada a sabedoria dos antigos).

O teixo no Samhain... (O Samhaim, assim como o teixo, é um sabbá que simboliza o renascimento, uma nova existência. É o sabbá que marca o início de um ano novo para os celtas).


* O Ogham "Muin" pode representar tanto a Amoreira (Bramble) como a Videira (Vine). De acordo com a região celtica, o vinho de amora era mais apreciado do que o vinho feito de uvas.







 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

As Cerejeiras em Flor

As Cerejeiras sempre me encantaram. São árvores de grande beleza, seu tronco é bastante ornamental tanto em textura quanto em formato e sua florada um espetáculo digno de festivais. No Japão, a cerejeira em flor é celebrada no "Hanami" (hana=flor mi=ver), um festival que acontece em meados de Abril onde famílias inteiras vão aos parques e templos contemplar a beleza das Sakurás (cerejeira em japonês).
A flor da cerejeira é um dos símbolos do Japão e existe tal veneração e respeito à ela que se equipara à própria bandeira japonesa ou o hino nacional. 
 

A Lenda das Cerejeiras 
 

Princesa Konohana Sakuya Hime
Reza a lenda xintoísta que "Sakurá" vem do nome da princesa Konohana Sakuya Hime. Ela era uma divindade que habitava o Monte Fuji e, na primavera, se encarregava em desabrochar as flores das árvores. O fato das flores das cerejeiras durarem pouco tempo fazia com que as pessoas sentissem o quanto a vida podia ser linda, porém efêmera e curta. Assim, a sakurá foi associada também à imagem dos samurais, guerreiros que estavam dispostos a dar sua vida quando necessário e morrer a qualquer momento se preciso.No Japão antigo, a flor era considerada símbolo do amor. As mulheres enfeitavam os cabelos com as flores da sakurá, mostrando assim que estavam em busca de um par. Em contrapartida, a flor também tem seu aspecto negativo em alguns mitos. Acredita-se que na sakurá faz a ligação entre o mundo dos vivos e dos mortos, e que a alma dos falecidos é absorvida pelas cerejeiras e transportada para outro mundo. De toda maneira, o paraíso para alguns orientais é muitas vezes representado repleto de cerejeiras em flor, algo que não deixa deixa de ser divino.Embora a flores durem poucos dias, sua beleza é tão marcante que tradição se espalhou por vários continentes. Há diversos bosques de cerejeiras na Europa, nos Estados Unidos e também no Brasil e, normalmente, em época de florada, há festivais que acompanham o acontecimento. Geralmente, a comunidade japonesa está na organização destes eventos, levando ao mundo a magia das cerejeiras em flor.







sábado, 21 de maio de 2011

O Sagrado Teixo - A Árvore da Morte

Taxus baccata

É claro que no Brasil, o conhecimento e reconhecimento da importância de determinadas árvores é bastante novo e ainda precário, então não devo julgar aqueles que não dão o devido valor às espécies ancestrais de grande valia cultural e mitológica, mesmo que sejam exóticas (não nativas).
Aqui no país, o teixo, conhecido como "Pinheiro-europeu", dificilmente encontra-se em formato arbóreo e normalmente limita-se ao formato de um pequeno pinheiro ou arbusto.
Os teixos são árvores praticamente impossíveis de se datar. Contudo, acredita-se que na Inglaterra, Escócia, Irlanda, Gales, Portugal, entre outros países europeus, há teixos que têm, supostamente, cerca de 2.000 anos.


Porta  St. Edward Church
 







Na imagem ao lado, pode se ver alguns dos teixos mais famosos da Europa. Entre eles está a porta da Igreja de Santo Eduardo, no condado de Stow-on-the-Wold, na Inglaterra. Dizem que foi nesta imagem que o escritor J. R. R. Tolkien se inspirou quando criou a porta da cidade de Moria em "O Senhor dos Anéis".
Há muitas coisas interessantes sobre o teixo e algumas delas já foram publicadas aqui no blog.
Além de serem árvores ancestrais, que se não se conseguem datar (os anéis anuais de crescimento são difíceis de serem contados), os teixos têm características que vão além do que se pode prever.
Na Europa é mais comum encontrar teixos com copas alargadas, e longos troncos. O que ocorre, é que o teixo adquire formas variadas de acordo com seu crescimento. Isto é algo que chega a surpreender até mesmo os botânicos, pois uma mesma espécie pode adquirir formatos diversos em seus troncos e galhos, sem a interferência de podas.
Eles possuem também uma característica muito peculiar pois, podem brotar novos teixos de uma mesma raiz que se estende. Algo que não é muito comum em árvores.
Os teixos também podem renascer de si mesmos. Quando um tronco parece estar podre e morrendo, pode esconder dentro dele um outro que está brotando e crescendo.



Árvore da Morte e do Renascimento


Esta era uma árvore associada à morte e normalmente encontrada em cemitérios da Grã-Bretanha.
O grau de toxidade de suas bagas é bastante alto, e alguns afirmam que a palavra Taxus (nome científico da espécie) seja a raiz da palavra "tóxico". Sabe-se que, em tempos remotos, venenos feitos através de substâncias da árvore eram utilizados para embebedar flechas antes de serem lançadas contra os inimigos.
Embora temido como a "árvore do veneno mortal", a forma como um teixo origina outro - através do método de auto-renovação - fez com que ele também se tornasse um símbolo de renascimento e continuidade.












sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Bordo - Acer



Me perguntaram há alguns dias, devido aos meus estudos em paisagismo, de qual árvore pertencia a folha que estampa a bandeira do Canadá. Minha reposta foi imediata: "Se trata de uma folha de Acer!" - disse replicando.

Eu estava certo, mas a informação não estava completa, não estava específica. Na realidade, a folha símbolo do país é a do Bordo, que pertence ao gênero Acer, da família Aceraceae.
Mais particulamente do Bordo Vermelho (Red Maple) , Acer saccharinum.
É um tipo de madeira bastante utilizada no país e está entre as mais valiosas para uso na marcenaria, uma das prediletas para a fabrição de instrumentos musicais.
A bandeira representa o Estado Canadense (em branco), os oceanos Atlântico e Pacífico nas extremidades (em vermelho) e, ao meio, sua extensa floresta coberta de bordos.
Há décadas esta folha está associada ao Canadá. No século XIX ela já estampava os emblemas das províncias de Quebeque e Ontário e, tanto na primeira como na segunda guerra mundial ela já apareceria nos emblemas militares do país.
Alguns confundem o bordo com o plátano e até mesmo com o liquidâmbar, devido às semelhanças entre suas folhas, mas importante ressaltar que, embora muito parecidas, estas espécies são de gêneros e famílias diferentes.





terça-feira, 17 de maio de 2011

As Varinhas Mágicas de "Harry Potter"





Não quero entrar no mérito do inegável talento e inteligência da escritora J. K. Rowling, criadora da série "Harry Potter", mas algo que não se pode discutir é seu grande conhecimento histórico, filosófico e teológico. Certamente os estudos da escritora a levaram a criar uma série onde não há meros despropósitos, nem mesmo quando se trata em uma história fantasiosa.
Não sou fã fanático da série mas dediquei, como outros da minha época, boas horas às páginas de "Harry Potter", esperando ansiosamente o próximo livro quando terminava de ler um.
Anos depois, no meu estudo sobre árvores sagradas e cultura celta, pude identificar o quanto o talento de Rowling ia além de minhas suposições.
Analisando posteriormente as varinhas mágicas (Wands) usadas na trama, seus respectivos donos, características destes e seus papeis na história, pude perceber que cada uma delas, ao menos a dos personagens principais, estão diretamente ligadas às árvores e madeiras utilizadas pelos antigos povos europeus e de acordo com as lendas que giram ao redor delas. 

(Leiam no post "As Árvores Sagradas dos Celtas")




Comecei a associar a relação das varinhas mágicas utilizadas pelos personagens da história de "Harry Potter" após analisar a "Elder Wand", também conhecida como "a varinha das varinhas". Tal varinha, que tem dupla conotação no inglês ("elder" é "ancião" mas também significa "sabugueiro") tem um papel fundamental na história.
Há, em um dos últimos livros, o conto de "Beadle o Bardo", onde cita-se a varinha de sabugueiro como "a varinha das varinhas", aquela que leva um dos três irmãos à morte ao ser usada de maneira indevida. Tal varinha acaba nas mãos de Albus Dumbledore (o ancião) e por esta mesma varinha "Lord Voldemort" é morto.
O Sabugueiro, como já citei em um post anterior, sempre esteve relacionado às bruxas, além de ser uma árvore ligada à morte e também para utilizada para afastar o mal. Sabugueiros eram plantados nas frentes das residências para livrar as casas dos maus espíritos e em cemitérios para protegerem os mortos.
A varinha de sabugueiro pertence, na maior parte do tempo, ao ancião Dumbledore, e é ela quem livra o protagonista Harry Potter da morte no confronto final, voltando o feitiço ao próprio Lord das Trevas. Através dela morre o grande vilão, o qual todos temiam dizer o nome.



As varinhas e seus respectivos donos:

Harry Potter - A varinha do protagonista é feita de azevinho. Lembremos que o azevinho sempre foi associado à resistência, à força, e é aquele que não se deixa atingir nem pelo rigoroso inverno. 
Assim como o rígido azevinho, Harry é o único que resiste ao feitiço de morte que fora lançado contra ele quando ainda criança. Resistência e coragem são as principais virtudes do personagem. 

Hermione Granger - A garota mais importante da história de "Harry Potter" possui uma varinha de videira. Esta é uma árvore ligada ao feminino, à alegria e a jovialidade. Hermione é sempre muito ativa, inteligente, tem grandes idéias, e é aquela que dá ânimo quando muitos desanimam e salva o dia quando tudo parece estar perdido.

Rony Weasley - A varinha de Rony é feita de salgueiro. É sabido que o salgueiro é muito flexível e, no caso de Rony, é bem característica do personagem, cuja personalidade não é das mais fortes. Como os galhos de salgueiro que são levados de um lado a outro com o vento, Rony é aquele que segue o fluxo da história atrás de Harry e Hermione. Grosso modo, um personagem meio molengão, porém importante, assim como o salgueiro chorão.

Rúbeo Hagrid - A varinha do gigantesco Hagrid é feita de carvalho. Como o personagem, o carvalho representa o grandioso, o que representa o selvagem "nativo da Britânia" e é rei da floresta. Lembremos então que Hagrid possui uma casa fora do castelo, algo bem natural, tem enorme atração por tudo o que é selvagem, e chama atenção por seu enorme tamanho, assim como o Carvalho.

Lílian Potter - A mãe de Harry também possuía uma varinha de salgueiro, porém, neste caso, há uma outra interpretação, diferente à de Rony. O salgueiro é também sinônimo de feminilidade, de maternidade, de proteção e abrigo. Segundo a lenda, foi um salgueiro que escondeu a Sagrada Família quando fugiram para o Egito. Lilian Potter é a mãe que protege o filho colocando-se na frente dele, preferindo morrer no lugar dele. Aquela que sofre no lugar do outro, que cede e que protege. 

Draco Malfoy - O pequeno vilão tem uma varinha feita de pilriteiro. É uma árvore que tem espinhos e geralmente tida como uma espécie de mau agouro e azar. 
Na mitologia galense, o pilteiro aparece como o malevolente chefe dos gigantes. O pilteiro também está ligado ao lado indomado e briguento . Não é preciso, para aqueles que conhecem bem as características de Malfoy, especificar o quanto esta árvore está ligada à personalidade dele. É como um espinho na vida de Harry, é mal-educado e tem sempre uma inclinação ao mal.

Lord Valdemort - O Lord das trevas possui uma varinha feita de teixo. O teixo, como já foi dito aqui no blog, sempre esteve associado à morte e à imortalidade. É uma árvore que vive e sobrevive por séculos e renasce de sí mesma. É normalmente encontrada em cemitérios e que tem forte ligação com os mortos e o submundo. Podemos então compreender o motivo dele estar conectado a Valdemort. Aquele cujo nome não deve ser dito, divide sua alma, tem inclinação à magia das trevas (o teixo que aprofunda suas raízes ao submundo), renasce dos mortos (como um novo teixo nasce de um antigo) e sobrevive mesmo quando muitos acreditam estar morto.

sábado, 11 de setembro de 2010

As Árvores Sagradas dos Celtas



Todas as árvores são sagradas, assim como tudo que tem vida , mas os "celtas" (me refiro às tribos denominadas 'celtas' das Ilhas Britânicas, da Península Ibérica e da Bretanha, na França), acreditavam que algumas árvores eram "particularmente sagradas", assim sendo, prestavam cultos e tinham veneração por algumas de forma especial. 
Postarei aqui a respeito de algumas destas árvores que são conhecidas aqui no Brasil e em Portugal. 


SALGUEIRO
Comecemos pelo lendário "Chorão", embora a espécie não se resuma unicamente no salgueiro chorão" - lembremos do famoso "salgueiro lutador" que também é uma Salix - tão famoso e mitológico. 
É uma árvore que tem forte ligações com as bruxas, inclusive, acredita-se que palavra "Witch" é derivada de "Willow" (salgueiro em inglês). Ela está ligada à lua e a água e a outros aspectos femininos. 
Segundo conta-se, os celtas veneravam o salgueiro de modo muito peculiar e nutriam por ele uma grande fascinação. Para eles, esta árvore era considerada uma grande fonte de inspiração de sonhos, de poesia, de música e de encantamentos.
De acordo com Robert Graves em seu livro "A Deusa Branca", o salgueiro toma o seu lugar como uma das "sete árvores sagradas do bosque da Irlanda" - ao lado da bétula, da maçieira, do amieiro, do azevinho, da aveleira e do carvalho.
Algumas árvores no Brasil são normalmente confundidas com o salgueiro, como a 'Aroeira pendente' e a 'Escova-de-garrafa'. 


SABUGUEIRO
Há muitos mitos que cercam o sabugueiro, uma árvore que também é bastante associada às bruxas, de modo especial, às bruxas velhas ou à Deusa em seu aspecto anciã.
É provável que na antiga Europa os sabugueiros eram plantados nas frentes das casas e serviam como proteção para impedir a entrada do mal naquele local e, também, próximo às tumbas nos cemitérios para proteger os mortos. 
Sua casca é famosa por suas propriedades terapêuticas e suas flores ainda usadas para tratar a catapora.
Há também a lenda pós-cristã de que foi da madeira de um Sabugueiro que cruz do calvário de Cristo de feita, por este motivo dava azar cortar um sabugueiro. Esta é realmente uma lenda, pois um sabugueiro, como arbusto, não daria madeira suficiente para uma cruz.


HERA
Embora não seja uma árvore e sim uma trepadeira, há séculos é considerada uma planta mística e é comum vermos imagens de casas de fadas e gnomos recobertos por heras.
A hedera é mais comum no sul e sudeste do Brasil, sendo bastante utilizada como planta ornamental e é comumente encontrada em jardins para cobrir muros ou utilizada como forração em locais sombreados.
Coroas de hera eram confeccionadas nas festividades pagãs com o intuito de atrair as fadas e os espíritos da natureza e até hoje preserva-se este costume entre alguns grupos.
Estudiosos do druidismo dizem que os antigos druidas a consideravam a contraparte feminina do azevinho (masculino) e, quando colocados juntos crescendo ou decorando, davam grande proteção, equilíbrio e sabedoria. 

AZEVINHO
É normalmente representado em imagens natalinas por se tratar de uma das poucas plantas que persistem ao inverno rigoroso do hemisfério norte. 
Nativo das Ilhas Britânicas, é associado aos guerreiros que, de acordo com o que se conta, faziam as hastes de suas lanças com madeira de azevinho.
Há uma lenda celta que diz que o azevinho era um dos reis das florestas, ele reinava juntamente com "seu irmão", o rei carvalho, e partilhavam o mesmo trono, porém, cada um reinava a metade de um ciclo anual. 
No Brasil, infelizmente, não é muito comum, pois serviriam como excelentes cercas vivas se seu crescimento não fosse extremamente lento. Suas folhas são pontiagudas e muito cortantes.
A palavra "Hollywood" significa "Bosque" ou "Floresta de azevinhos". Dizem que o local era repleto de arbustos de azevinhos antes de ser tornar um dos maiores centros cinematográficos do mundo. 

CARVALHO
Conhecido como "O Rei das Florestas", é muito raro no Brasil. Alguns poucos são, normalmente, encontrado no sul, em locais onde colônias europeias se estabilizaram. Alguns imigrantes trouxeram com eles bolotas que foram plantadas e germinaram, porém, raramente atingem seu tamanho máximo como na Europa. Mas já existe hoje por aqui certos carvalhos - com mais de cinquenta anos - que já produzem sementes capazes de gerar novas mudas.
Uma hipótese é de que a palavra "Duir" queira dizer "Porta" e, como árvore sagrada, o carvalho facilitava a passagem para o mundo espiritual. Por este motivo, nos bosques de carvalhos, os antigos celtas costumavam realizar seus rituais. Dizem que própria palavra "Druida" tem como tradução "aquele que tem o conhecimento do Carvalho".
Os Carvalhos podem alcançar facilmente os 500 anos. Há um antigo provérbio que diz: O carvalho leva 300 anos para crescer, 300 anos mantendo-se adulto e 300 anos para morrer....

MACIEIRA
Na lenda do Rei Arthur, a Ilha de Avalon é conhecida como "A Ilha das Macieiras". A árvore foi associada ao pecado bíblico e a maçã foi considerada, no cristianismo, o fruto da maldição. É possível que esta relação seja devido ao fruto estar ligado ao feminino e a fertilidade de acordo com as lendas, correlacionando ambos com "Eva" e o "Sexo". Especula-se que o fruto proibido citado do "Gênese" tratava-se do "figo" , ou alguma espécie de "banana", e não de uma maçã.
Foi a partir da idade média que a maçã tomou o lugar de "fruto proibido", quando a mulher passou a ser vista como a principal culpada pelo pecado original e a expulsão do ser humano do Paraíso. A maçã quando cortada ao meio adquire o aspecto de uma vulva.
É comum nas comunidades pagãs, nas cerimônias do Samhain, tomar a cidra de maçã para auxiliar nas viagens astrais e para abrir-se às visões. Conta-se que esta era uma antiga tradição celta.

TEIXO
O Teixo é uma árvore que sempre teve forte conexão com morte e também com a imortalidade. Considerada sagrada, principalmente na Grã-Bretanha e na Irlanda.
Segundo algumas narrativas, os antigos celtas consideravam a sua madeira a melhor para se esculpir por sua durabilidade e elasticidade. Acreditam, inclusive, que uma estaca de teixo duraria mais do uma de ferro.
No verão, o teixo solta um vapor que os antigos acreditavam que, quando inalado, induzia a pessoa um sono profundo e às visões proféticas (isto não é comprovado).
Na Bretanha e na Irlanda são muito comuns nos cemitérios e há a lenda de que eles aprofundam suas raízes até a boca dos cadáveres. Não raramente assistimos a filmes onde raízes e galhos de árvores atravessam corpos. Esta inspiração vem desta antiga crença.
Os teixos são comuns em Portugal e dele deriva o sobrenome "Teixeira", que significa "lugar onde há muitos teixos". 
No Brasil, embora muito raro, é conhecido como Pinheiro-europeu e pode adquirir diversos formatos, desde de o de um pequeno arbusto, até uma frondosa árvore.

AVELEIRA
A aveleira aparece em diversas lendas celtas. Dizem que os druidas carregavam um cajado de aveleira, e isto era um sinal de grande autoridade. As varinhas de aveleira eram, e são até hoje, uma das favoritas para os rituais mágicos, pois sua madeira é considerada protetora e muito poderosa. Seu fruto, a avelã, simboliza a sabedoria concentrada. 
No livro "As Brumas de Avalon", Igraine, mãe do rei Arthur, prende um ramo de aveleira na testa para que pudesse ter a visão de onde se encontrava sua irmã Viviane que não há muito tempo não tinha notícias.
A árvore não é comum aqui no país, mas é comum no vizinho Chile, onde o clima é mais apropriado. O fruto importado é bastante conhecido e muito apreciado nos mais variados doces. 

PINHEIRO ESCOCÊS
Há algumas controvérsias quanto ao Pinheiro que era venerado pelos antigos povos celtas, mas tanto um quanto o outro, são de grande importância e estão repletos de lendas.
Há aqueles que dizem que era Pinheiro Silvestre (Scots Pine - quase em extinção na Europa), enquanto há outros que afirmam que se tratava do Pinheiro Prateado, este segundo é comum por aqui, sendo mais conhecido como Abeto. 
Desde a antiguidade é uma árvore associada ao nascimento, por este motivo houve a conexão do pinheiro ao Natal e ao nascimento do Cristo.
O Pinheiro também era considerado por alguns povos a "árvore da vida", por estar sempre verde mesmo sob um rigoroso inverno de gelo.
Está ligado à força, à esperança e à paciência. Daí vem a tradição de cortar um Pinheiro, traze-lo para dentro de casa e enfeita-lo. Ele trazia a esperança de que a verde e colorida primavera logo chegaria e o duro e branco inverno logo passaria. 

ÁLAMO 
O que mais chama atenção no Álamo, ou Choupo, é a maneira como suas folhas balançam mesmo na mais suave brisa. 
Um dos mais conhecidos é o gênero "Populus tremula". Ele possui este nome porque suas folhas tremem mesmo quando não parece haver vento ou brisa alguma para isto.
Dizem que os celtas acreditavam que era possível ouvir o que os ventos diziam através das folhas tremulante dos álamos, assim eles traziam mensagens e profecias. Acredita-se que sua madeira era a preferida na confecção de escudos pois protegeria os guerreiros das mortes em batalhas. 
Assim como o salgueiro (ambos são da mesma família), ele tem propriedade curativa, anti-inflamatória e analgésica.
Da mesma forma que o teixo, o álamo também está associado ao mundo subterrâneo. Ambos têm raízes invasivas que podem se tornar muito profundas, daí a relação de ambos com o submundo.

SORVEIRA
No Brasil ela é conhecida como 'Sorva' e é exatamente da mesma família da "Sorveira-brava" (Sorbus aucuparia), venerada pelos antigos celtas, só que a espécie encontrada aqui é a Sorbus domestica. 
Eram feitos incensos com suas folhas e frutos e, com a casca, compressas para curar feridas. Fervendo seus frutos, produzia-se um excelente liquido para gargarejo que era muito utilizado no tratamento de afecções na garganta.
Segundo alguns estudiosos, os celtas a tinham como uma árvore de proteção e era usada para quebrar encantamentos. De acordo com Robert Graves, os antigos irlandeses acendiam fogueiras com galhos de sorva e pronunciavam conjurações diante delas em diversos de seus ritos mágicos.
Alguns povos daneses (dinamarqueses), cravavam uma vara de sorveira em cadáveres, eles acreditavam que assim podiam imobilizar seus fantasmas. O que mostra a ligação da árvore à proteção e à magia, além de ser uma das principais espécies utilizadas para afastar e quebrantar males diversos. 

AMOREIRA SILVESTRE
Ao contrário da amoreira comum aqui dos trópicos, do gênero "Morus", a amoreira silvestre, ou amora-sarça (amoreira-sarça ou amoreira-brava), pertence a um outro tipo de gênero, que é o "Rubus". São muito parecidas, com frutos semelhantes no aspecto e no gosto, porém, as amoreiras silvestres possuem afiados espinhos, além de serem arbustivas e trepadeiras.
O ogham "Muin" podia designar tanto a amoreira silvestre como a videira. Embora a videira não seja uma espécie nativa das Ilhas Britânicas, tinha forte presença em regiões do continente, principalmente em Portugal, Espanha e França, onde o cultivo da vinha é mais comum.
Tanto a videira como a amoreira compartilham muitas semelhanças, principalmente quando se trata na fabricação do vinho que era tão apreciado pelos antigos povos celtas.

GIESTA
Trata-se de um arbusto de flores douradas bastante raro por aqui. Ela é conhecida também como: "Vassoura de Bruxa".
De acordo com 'Graves', o ogham que corresponde a esta espécie é o "ONN" e ele pode designar tanto a Giesta quanto o Tojo (muito parecido com a giesta porém com muitos espinhos). Há alguns estudiosos que dizem também representar o Junco. 
O nome científico da Giesta é 'Spartium junceum', de um gênero botânico que designa diversas plantas produtoras de fibras têxteis. O Junco, embora de família diferente, também é uma planta produtora de fibras, inclusive, em tempos atuais, muito utilizado na indústria mobeleira em móveis para ambientes externos.
Os antigos celtas diziam que a planta tinha o poder de quebrar feitiços e até hoje, no Pais de Gales, esta crença ainda existe.

BETULA
Famosa pelo seu magnífico tronco, a Betula pendula era uma das mais utilizadas nas práticas mágicas. Ela marca o início, por isso, o calendário celta das árvores ( de Robert Graves) se inicia com a bétula. Era uma tradição a confecção de berços utilizando sua madeira, acreditava-se que assim as crianças estariam protegidas já que se tratava de uma árvore mágica e poderosa que quebrava diversos feitiços. 
As vassouras eram feitas com cerdas de bétula e, ao varrerem as casas, acreditavam que assim o local estaria livre das más energias e dos maus espíritos. Eram utilizadas também como cobertura nos telhados. 
Muitos dos povos antigos a chamavam de "Deusa Árvore" ou "Senhora dos Bosques". 
A casca fina que se desprende facilmente da árvore tem diversos usos e talvez seja por isso que ela esteja ligada à transformação, pois seu tronco está em constante renovação. Com as cascas, eram feitos diversos medicamentos e óleos curativos e, até hoje, quase todas as partes da árvore são utilizada na indústria farmacêutica e fitoterápica.

AMIEIRO
O amieiro era utilizado pelos antigos celtas na fabricação de barcos. Quando entra em contato com a água, sua madeira se torna escura e muito rija, sendo assim, sua resistência ao apodrecimento fazia dela a preferida não somente na fabricação das embarcações mas também em pontes e alicerces em áreas úmidas.
A árvore também era utilizada no tingimento de tecidos: marrom (vindo dos galhos), vermelho (da casca) e o verde (das flores).
Sua seiva, quando exposta por algum abatimento, de branca torna-se vermelha. Diziam então que o amieiro era encantado e que podia jorrar sangue. Esta seiva era, por vezes, utilizadas pelos heróis para pintarem seus corpos antes de irem para as batalhas, pois acreditavam que o sangue do amieiro lhes traria proteção e vitória nas lutas.
Com sua casca eram tratadas inflamações, reumatismos e diarreias. Gargarejos, feitos de folhas e cascas, auxiliavam na cura de feridas na boca e inflamações das amídalas.

PILRITEIRO
Também chamado de Espinheiro-branco, estava relacionado à proteção, tanto psíquica como espiritual. Era uma árvore comumente encontrada próxima aos poços sagrados onde formavam verdadeiras sebes. Diziam que as fadas habitavam essas sebes entre os fechados arbustos de pilriteiro.
Era uma árvore muito respeitada e bastante temida. Ela estava relacionada ao lado indomado e era considerada de má sorte , por isso não podia ser cortada. Também pelo fato de serem os lares das fadas, cortar um espinheiro podia trazer a ira dos seres encantados à toda a comunidade.
No poema "A batalha das árvores", ele é chamado de "o desamado", porém, sua sacracidade para os povos antigos sempre foi inquestionável.
Aqui no Brasil ele conhecido como Crataegus embora não se encontre com facilidade.