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Vale de Lendas e Mitos dos Bosques
-Vá até o Éden, meu filho - pediu Adão a Seth - e tente arrumar-me um pouco do óleo da misericórdia que brota da fonte sagrada. Eu gostaria muito de ser ungido antes de morrer, pois o peso de meus pecados ainda estão sobre mim.
Seth, atendendo ao pedido do pai, seguiu pelo caminho que este o havia orientado, indo em busca do Éden. A certa altura, passou por um sombrio e desolado campo onde tudo era seco e nada brotava - ele chegou a duvidar até mesmo que estivesse indo na direção correta - mas manteve-se no rumo conforme seu pai havia lhe instruído.
Após um longo percurso por aquela paisagem agreste, Seth já se sentia cansado e desesperançoso. Decidiu então parar para recobrar energias e sentou-se numa pedra, fechou os olhos e desejou silenciosamente receber algum sinal para continuar sua jornada. Levantou-se e, após alguns passos, começou a ouvir uma musica etérea que parecia ser trazida pelo vento. Ele partiu então na direção aquele som e aos poucos notou que a paisagem desértica se transformava.
Seth pode perceber que quanto mais se aproximava de onde vinha a música, mais belos se tornavam aqueles campos - como se a melodia alterasse toda a natureza.
Uma enorme alegria tomou conta do filho de Adão quando, ao final de uma colina, ele finalmente viu os belos portões do Paraíso. Mesmo custando a acreditar que fosse real aquele tão belo lugar, fora se aproximando da entrada do Éden. Mas de modo abrupto, Seth sentiu que uma força o impedia de ir além daqueles átrios e ultrapassar aquele portal. Foi quando um belo e radiante ser, alto e de grandes asas, apareceu diante dele e exclamou:
Arcanjo Miguel |
- Que Deus te bendiga, Seth. filho de Adão, o primeiro homem dos homens e que um dia habitou este lugar. Devo dizer que ainda não é hora deste portões se abrirem, portanto, aqui não conseguirás entrar. Entretanto, sei o motivo de sua vinda e, por ter honrado e cuidado de teus pais, não voltarás de mãos vazias.
Era o arcanjo Miguel, o anjo guerreiro, que num majestoso movimento ergueu sua espada flamejante e, repentinamente, fez surgir uma bela imagem diante dos olhos do visitante. Seth pode então contemplar, numa visão maravilhosa, os encantos escondidos dentro daqueles portões. O filho de Adão sentia sua alma ser preenchida pela graça daquele lugar e desejou estar alí para sempre.
Repentinamente, viu surgir diante de si uma enorme árvore. Seth pode notar que havia uma serpente enrolada em seu tronco e, quando olhou para baixo, um grande abismo se abriu diante dele. Ficou aterrorizado ao notar que, entrelaçado às raízes que se aprofundavam no abismo, estava o corpo de um jovem que parecia lutar para escapar daquele enlace.
- Este é Caim - disse Miguel - o primeiro filho de Adão. Ele convive dia e noite com a culpa por ter tirado a vida de Abel. Assim, sua alma vive como num abismo que não se encerra.
Seth pode ver a angústia de Caim, e lamentava o tamanho tormento do irmão. Mas novamente Miguel ergueu sua espada e aquela imagem se dissipou. A mesma árvore então surgiu, só que dessa vez, uma mulher estava sentada sob sua copa. Ela carregava em seus braços uma bela e graciosa criança que ao sorrir resplandecia a luz do sol. Ao olhar para ela, Seth pode ver que aquela não parecia ser uma criança qualquer.
- Este menino é um redentor! - exclamou Miguel - Ele redimirá o pecado de teu pai Adão e de tua mãe Eva e expurgará a culpa que pesa sobre teu irmão Caim.
Seth se curvou e lamentou que seu pai não estivesse ali ouvindo as palavras do anjo. Fechou os olhos e, ao abri-los, se viu novamente diante dos portões do Paraíso. Miguel, que estava a sua frente, lhe estendeu a mão e disse:
- Abra sua mãos e pegue as sementes que estou te dando, elas vieram dos frutos dessa grande árvore. Agora deves voltar e dizer ao teu pai tudo que contemplou, assim seu coração encontrará a paz sabendo que seus pecados serão redimidos. Quando ele morrer, coloque essas três sementes junto dele e enterre-o com elas. Assim deve ser feito!
Seth voltou para a sua casa e fez conforme o anjo havia lhe dito. Adão morreu três dias após a volta do filho e foi sepultado junto com as sementes da árvore do Paraíso.
Das sementes da sepultura de Adão brotaram três grandes árvores: um cipreste, um cedro e um pinheiro. Conforme elas cresciam, seus troncos se entrelaçavam, até que elas se tornaram uma única árvore, de longe a mais frondosa e magnifica já vista até então.
Conta-se que, dos galhos desta árvore, foram feitos: o cajado de Moisés, a vara de Aarão e os pilares que sustentavam o templo do rei Salomão.
A lenda diz que foram os romanos que derrubaram a grande árvore e com sua madeira confeccionavam uma cruz. Nesta cruz foi crucificado o Cristo, aquele que levou consigo todos os males do mundo, redimindo assim todo o pecado de Adão de sua posteridade.
Jesus Redentor |
Hipnos e os Bulbos de Papoulas |
Guerra do Ópio |
Tapónurin |
Desde tempos imemoriáveis a água está ligada ao feminino. Nossos antepassados mais antigos associavam os rios, as fontes, as nascentes e o mar à grande mãe e à deusa, e poucas tradições explicam tão bem essa associação quanto as religiões africanas.
As Yabás, mães do candomblé, são os orixás femininos, todos eles ligados às águas. A água é a sagrada fonte da vida. Até hoje, quando se busca "vida" em outro planeta, a primeira coisa que se procura é àgua em seu estado líquido (água fluída e em movimento), isso porque esse elemento é fundamental para que algo prospere, cresça, nasça ou se desenvolva.
Nossos ancestrais primordiais (originários da África) viam as mulheres como fontes de vida pois elas podiam gerar novos indivíduos em seus ventres. Mesmo não compreendendo como isso ocorria, a mulher era capaz de dar a luz a um novo ser, algo que o homem não podia. Isso explica o motivo pelos quais as primeiras deidades que se têm notícias são todas femininas.
A Deusa Mãe veio muito antes do Deus Pai, e isso não é nenhuma novidade para pesquisadores, historiadores, arqueólogos, etc. E o motivo é simples: a mãe é a geradora, é em seu ventre que se ela guarda o mistério da vida. Todos nós fomos gerados em uma placenta de água que se rompeu quando já estávamos prontos. Ao nascer o filho busca o seio, o leite (o líquido) que o alimenta.
A mãe é deificada pelo filho, para a criança não existe um "Deus" (pois não foi o pai quem o carregou e nem o amamentou) a relação da criança é basicamente materna, pois é dela que depende a sua sobrevivência. Se há algo que se aproxima do divino é a "mãe".
A África mantém tradições primitivas (e não digo de forma pejorativa) onde perduram antigas idéias de nossos antepassados que hoje podem ser compreendidas através de associações primordiais. Nas religiões africanas a àgua só poder ser feminina, portanto todos os orixás ligados à ela são essencialmente femininos. De modo bastante interessante, os mitos desta religião ensina que as transformações e a forma de manifestação da água estão ligados à um Orixá diferente, e é isto o que mais me encanta nestas peculiaridades.
Em minha concepção tudo se inicia com Nanã, pois ela é mãe ancestral, ela é o orixá dos mangues, dos pântanos, dos locais alagadiços onde o barro está sempre presente. Ela é representada como a "Velha", e essa associação é bastante similar ao deus pai criador, aquele que criou o homem através do barro. É do barro que ele esculpe o primeiro ser vivo à sua imagem e semelhança, pois a terra necessita da umidade provinda da água para ser moldada. Nanã é a velha sábia, calada, instrospectiva, serena e capaz de comandar os Eguns (mortos), pois ela é a avó (nana) feiticeira que não teme a morte, pois compreende que tudo que nasceu está destinado a se findar. Ela é mãe de Obaluaiê (cura), Iroko (árvore), Ossaim (plantas), Oxumaré (arco-iris) e Ewá (neblina).
OXUM |
Quando o fluxo da água aumenta e o rio de torna caudaloso, perigoso, revolto, ele se transforma em Obá, uma Orixá guerreira. Assim como o rio turbulento, Obá é aquela que transpõe obstáculos através da força. Ela é uma Orixá associada também agressividade, o que faz com que seus filhos tenham fama de impulsivos e impetuosos.
Uma vez que água se transforma em neblina ela é representada por Ewá. Ela é o nevoeiro que também simboliza o mistério, é a água ascendente que se evapora, por isso é considerada a dona da intuição. Ewá é a mulher em seu estado pueril e casto. Assim como a neblina, ela não pode ser possuída pois se dissipa. Ewá é a única filha de Nanã e, assim como a mãe, são orixás que não devem ser feitos na cabeça de homens - no quarto destes dois orixás, nas Casas de Santo, também não é permitida a entrada de homens. Ewa é vestal que se mantém intocada, guardando em sí o mistério da vida e, na maioria dos candomblés, somente mulheres virgens podem ser consagradas à Ewá. Ela água em seu estado gasoso que sobe e formam as nuvens, aquelas que trarão as chuvas.
E quando as gotículas de água se encontram no céu e formam o arco-iris, é Oxumaré que se mostra, irmão de Ewá - pois é ela quem o ajuda a se formar. Oxumaré é quem transporta a água do céu para a terra. Oxumaré é a também a garoa, a chuva fina, a água que o desce do céu no sereno. Oxumaré é considerado por grande parte dos candomblés um orixá metá-metá, que não pode ser considerado nem homem e nem mulher, mas há tradições que dizem que ele é irmão gêmeo de Ewá, por isso tem ligação com a água. Ewá compartilha portanto com o irmão seu domínio sobre este elemento.
Iansã - Senhora das Tempestades |
As águas de Iansã quando caem, podem se misturar à terra e se tornar Nanã (lama), se mesclar aos lagos e se tornar Oxum (espelhos d´água) ou se unir em correntes que alimentam Obá (águas turbulentas). Mas ao cair no mar ela se transforma em Iemanjá, a senhora das águas salgadas. Iemanjá é a rainha dos Oceanos e rege as agitadas ondas e também as maresias, das profundezas até a mais suave das espumas. Iemanjá é a deusa mãe por excelência, afinal ela é, de todas as Iabás a que têm mais filhos. São eles: Xangô (fogo), Ogum (guerra), Oxóssi (matas), Exú (caminhos), Okô (agricultura), Obá, Iansã e Oxum. É também o orixá mais lembrado e culturado no Brasil, inclusive entre pessoas que não são do Candonblé.
A água em seu estado sólido, como gelo não é comum na África, muito menos nos países onde grande parte destes mitos é encontrado, isso tende a explicar porque a àgua em seu estado sólido não é representada por uma Yabá. Contudo, se buscarmos em países do hesmisfério norte encontraremos diversas lendas de deidades e entidades femininas que têm poder sobre a neve. Mas este é um tópico para um novo post.
Axé!
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Festa de Candomblé - Carybé |
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O Caçador |